Editorial
Por Amarílio Ferreira Neto (Autor).
Em Revista Brasileira de Ciências do Esporte v. 25, n 2, 2004. Da página 7 a 8
Integra
Que relações podemos fazer entre a estrutura organizativa do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), com suas exigências postas à chancela da Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE), e o Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (Conbrace)? Revista e Congresso possuem sua autoridade científica legitimada pelo processo de avaliação pelos pares daquilo que se propõe a ser veiculado. Trata-se, pois, de compreender a composição dos quadros de “árbitros”, membros desta comunidade científica, tanto na constru- ção do evento científico como na particularidade do periódico. Há consenso na literatura sobre o assunto, embora nem sempre praticado, mas podendo ser reavaliado a partir da relevância social da temática ou da pesquisa em questão. A composição de quadros nesses ambientes afirma-se pelos créditos obtidos pela produção científica de cada pesquisador com a comunidade científica da área. Observe-se que no CBCE, apesar dos avanços evidentes nos últimos anos, há muito por fazer, desde o fortalecimento da Diretoria Nacional, das Secretarias Estaduais, dos coordenadores de Grupos de Trabalhos Temáticos (GTT), dos Comitês Científicos dos GTTs, do editor da RBCE, do Conselho Editorial e dos pareceristas. A capacidade organizativa e a qualidade acadêmica do Conbrace e da RBCE dependem da maturidade científica das instâncias acima referidas, uma vez que são elas que têm a última palavra na definição da programação científica: temática central e temáticas específicas, nominata dos convidados, assim como o temário da RBCE; e, a partir dessas definições, decorrem as solicitações de financiamento aos diversos agentes e fontes, especialmente, as públicas. Mas, onde devemos buscar inspiração para continuar diante das tantas dificuldades que se apresentam? A ciência do nosso tempo é registrada, predominantemente, na forma impressa. Se isso é, também, um dado da ciência que ajudamos a construir, na RBCE podese encontrar o melhor do que foi possível chancelar pelo CBCE, produzido por essa comunidade científica. No projeto editorial em curso nesta Revista ao longo deste ciclo, foi possível observar um descompasso entre o que era feito e materializado na RBCE e o que é fazer periódico 8 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 25, n. 2, p. 7-8, jan. 2004 científico em nosso tempo. Em face desse descompasso, fomos levados a importar conhecimento e tecnologia, principalmente da área de ciência da informação, objetivando “empatar o jogo” para, então, começarmos a “apertar” o rigor no uso de critérios de cientificidade na RBCE, levando-os à comunidade científica, especialmente aquela que se identifica a partir da educação física. No atual estágio de desenvolvimento do projeto editorial da RBCE, a “pressão” foi deslocada do agente chancelador (CBCE) para a comunidade científica, seja ela constituinte do campo das ciências do esporte, como no caso do editor, do Conselho Editorial, dos pareceristas, dos autores e leitores, como de fora deste, como é o caso da editora, das agências financiadoras e avaliadoras, além dos indexadores. É, portanto, na prática impressa na RBCE que está mais uma possibilidade de inspira- ção para a continuidade do processo de transformação do CBCE e do Conbrace em espaços para a presença e atuação dessa comunidade científica que se vem qualificando, cada vez mais, em sua formação e em seu fazer científico, e esse fato deve ser considerado em toda sua relevância por aqueles que desejam a consolidação desse campo das ciências do esporte. Nesta RBCE, publicamos mais 10 artigos sobre história da educação física e esporte, em função da elevada demanda qualificada que recebemos, o que fez com que a direção nacional do CBCE optasse por publicar mais um número com a mesma temática. Esse número, que ora vem a público, foi ainda organizado sob a total responsabilidade deste editor, tarefa que passa agora às mãos dos professores doutores Jocimar Daolio e Carmen L. Soares, futuros editores. Enfim, a RBCE teve sua periodização regularizada e sua prestação de contas saneada, além de ter alcançado o conceito “A” no Qualis Capes, o que permite um certo “fôlego” à nova direção do CBCE e aos editores para planejarem e implementarem as próximas conquistas. Com este exemplar, a gestão do CBCE/DN no período 2001-2003 encerra seus trabalhos com a RBCE, ao tempo em que deseja pleno êxito à nova diretoria.
Amarílio Ferreira Neto Editor da RBCE