Editorial - Vale Tudo
Em Discorpo, n 7, 1997. Da página 4 a 6
Resumo
Vale Tudo é nome sugestivo. Denota que não há limite para ação que vai ser empreendida. É possível fazer qualquer coisa, porque qualquer coisa está no plano da legalidade: tudo pode. Mas valorar — emitir juízo de valor — é uma ação eminentemente humana. Só o humano aquilata, pondera, acerca de sua atividade e isso é um de seus maiores distintivos em relação às outras espécies do reino animal. Ora, dizer que vale tudo é dizer que não há regras, não há atitudes passíveis de reprovação, não há conduta, não há procedimento moral. O paradoxo dessa expressão está na utilização de um atributo humano — a qualidade de poder emitir juízos — para promover uma atitude desumana, ou seja, valora-se que não se valora. A diferença, neste caso, em relação aos outros animais é tênue: os animais irracionais apenas não valoram.