Resumo

O ministro da Educação da França, Jean-Pierre Chevènement, em nome de um governo socialista, comandou espetacular guinada direitista e conservadora na orientação do sistema educacional de seu país. O ministro contou com o apoio unânime da população francesa, saudosa de sua tradicional "escola risonha e franca", sem as complicações da "matemática moderna" e sem as inovações da "escola-nova": uma escola de LER, ESCREVER e CONTAR, como sempre foi a escola, desde suas origens. No fundo, os pais desejam, apenas, que as escolas prossigam, sem complicações, a tarefa que eles mesmos iniciaram, ensinando a seus filhos as clássicas "habilidades" de ler, escrever e contar, admitindo, inclusive, se for necessário, o uso moderado dos castigos que eles usam no lar ... Detestam ver seus filhos lidando com assuntos que eles mesmos não entendem, e não consideram sérias as atividades que não levam a resultados práticos imediatos. Não acreditam que a escola desenvolva "capacidades" intrínsecas (inteligência, criatividade, etc.)... limitando-se sua tarefa a mero adestramento e disciplinamento. Do ponto de vista destas"capacidades criativas", os pais e a maioria dos mestres permanecem inatistas, atribuindo, contudo, à escola o poder de treinar as crianças sem limites, na aquisição de habilidades e na recitação de textos: é a imagem que retiveram da escola, modelo que o ministro francês resolveu devolver-lhes. Pode-se, pois, dizer que se trata do confronto entre uma "educação criativa" e uma "educação formadora". A discussão pedagógica suscitada pela reforma educacional francesa oscila entre velhas crenças e as modernas descobertas biopsicológicas sistematizadas no "construtivismo sequencial", que afirma a possibilidade de desenvolvimento mental e a estreita dependência que existe entre os níveis das estruturas de comportamento e as possibilidades de"aprendizagem", fato inteiramente novo em pedagogia. O ministro simplesmente jogou fora do sistema escolar todas as conquistas resultantes das pesquisas feitas durante o último século, voltando a práticas medievais e até pré-históricas. Sua ordem é: "acabou o recreio", isto é, acabou "a pedagogia de eclosão das potencialidades". Faz cerca de cem anos que as mais variadas experiências vêm sendo feitas, sobretudo no nível elementar, primário e pré-primário, onde os processos dissertativos são, obviamente, ineficazes, fato que põe sob suspeita o sistema escolar inte

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