Editora CRV. Brasil 2010. 70 páginas.

Sobre

Educar pode ser interessante quando existir uma relação desafiadora e sedutora com o mundo(do físico ao social) que nos permite entender quando Prigogine fala em “reencantamento danatureza, e isso é possível porque ela reintroduz a diversidade, e conseqüentemente o inesperado”.   

"Aquilo que se sabe quando ninguém nos interroga, mas que não se sabe quando devemosexplicar, é algo sobre o que se deve refletir”. O acontecimento pedagógico extrapola à lógica daexatidão. Transita mais no jogo das possibilidades, das hipóteses. “O fato fundamental aqui é quefixamos regras, uma técnica, para um jogo e quando seguimos as regras, as coisas não se passamcomo havíamos suposto. Que portanto nos aprisionamos, por assim dizer, em nossas própriasregras”. (WITTGENSTEIN)  

“Professora: eu não quero ser formiga.” A rigor, não há repressão sexual, sensual ou estética. O humano, desprovido de suas características e desejos próprios, é um ser reprimido como um todo. A negação de contatos aleatórios é a recusa de si próprio, restando um viver aos pedaços. Quando a industrialização retira da vida tudo o que possa distrair o humano de sua produtividade, faz dele menos. Mas, para a sociedade do trabalho, o humano não serve para outra coisa. Assim como as formigas não servem para mais nada, quando perdem sua capacidade de trabalho, por velhice, deficiência etc., os trabalhadores são dispensados ou aposentados. "Aposentados" quer dizer que devem ficar nos seus "aposentos".

Parece-nos, no entanto, que a tolerância somente pode se fazer presente na racioafetividade, “aberta, em permanência, a problemática da verdade, deve levar em consideração todo conhecimento que se crê verdadeiro, toda pretensão ao conhecimento, todo pseudoconhecimento, isto é, também o erro, a ilusão, o desconhecimento...” (MORIN). Para a vivência racioafetiva tolerante, necessitaríamos nos desprender da razão que separa mais que agrupa, que não tem tempo a perder com o que está fora da racionalização de seus interesses, que pensa o lucro e que só consegue conviver com o desperdício a favor de si mesma.

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