Educação Física no 1º Grau: Conhecimento e Especificidade
Em Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (até 2003 Revista Paulista de Educação Física) v. 10, n 4, 1996. Da página 23 a 28
Resumo
Parece-me que o tema remete a uma questão que tornou-se fator de frustração e, em alguns
casos, motivo de pesadelos para o professor de Educação Física (EF): a tão propalada crise de identidade da
EF, que em muitos momentos foi entendida como resultado da falta da definição do seu “objeto”, da falta de
definição clara de qual sua especificidade (identidade no sentido de sua singularidade). Entendo que a
temática colocada, em última instância, nos remete a esta questão.
Para adentrar ao tema e colocar minha posição desejo fazer, inicialmente, uma demarcação.
Quando falo em objeto da EF me refiro ao “saber” específico de que trata esta disciplina
curricular. Não estou me referindo, portanto, ao objeto de uma prática científica específica - não coloco, para
responder a esta questão, as exigências que são feitas para definir o objeto de uma ciência. Esta diferenciação
é importante porque entendo que parte das dificuldades na superação da “crise de identidade” advém do fato
de se insistir em ver na EF uma disciplina científica, e mais, como uma disciplina com estatuto
epistemológico próprio. Entendo que a especificidade da EF no campo acadêmico é a de que ela se
caracteriza, fundamentalmente, como uma prática pedagógica1, no que concordamos com Lovisolo (1995). A
necessidade e a reivindicação de fundamentar “cientificamente” esta prática é que a levou a incorporar ao seu
campo acadêmico as práticas científicas (o que é muito diferente de passar a ser uma ciência com estatuto
epistemológico próprio). Então, quando me refiro ao objeto da EF penso num saber específico, numa tarefa
pedagógica específica, cuja transmissão/tematização e/ou realização, seria atribuição deste espaço pedagógico
que chamamos EF2.