Resumo
Há alguns anos, o Ensino Superior tem sido alvo de debates e estudos, sobretudo no que se refere ao relacionamento com os alunos, ao desenvolvimento do ensino, à ausência de discussão sobre questões epistemológicas subjacentes à organização do trabalho docente e de proposta de avaliação de aprendizagem mais coerentes com a realidade educacional. Embora reconhecendo que a Universidade e seus professores não sejam únicos interlocutores e referentes básicos na condição de produtores do conhecimento humano, consideramos que os mesmos projetam modelos curriculares e iniciativas pedagógicas. Esse compromisso pressupõe, via de regra, uma prática de ensino que transcende algumas concepções, reelaboração do pensar e do agir. Ao compreender que as experiências não têm uma referência somente nas razões pessoais, destacamos nessa tese, a construção e uma teorização, através da reflexão sobre a ação, de uma metodologia de ação para a formação universitária em Educação Física Adaptada. Embora seja muito particular, estamos empreendendo discutir a formação universitária com qualidade para todos os acadêmicos, bem como completar as diferentes interfaces do ensino pedagógico. Subsidiamos nossa metodologia de ação nas bases teóricas de Donald Shön e Zeichner que revisitaram as concepções em Dewey. Nas apreciações analíticas, decorrentes do método qualitativo, optamos pela utilização da entrevista. A epistemologia da prática encontra-se centrada na experiência e no saber profissional desenvolvido pelo Projeto de Ação Educacional na Educação Física Adaptada (ProEEFA), na Universidade Estadual de Maringá ? Departamento de Educação Física. O saber construído e manifestado a partir da experiência de uma situação vivida com cunho longitudinal, conduziu a um conjunto de informações, conhecimentos e atitudes que foram sendo desenvolvidos no período de quatro anos, com a participação efetiva de vinte discentes que estiveram nas ações entre quatro meses a quatro anos. Ao contextualizarmos a experiência vivida, constatamos através da reflexão sobre a ação que alguns indicativos educacionais se manifestaram como norteadores de uma formação universitária como: a interação nos encaminhamentos do processo pedagógico; que a questão paradigmática interfere no processo de formação educacional; que o professor é um agente social mediador que também é mediatizado por outros agentes; que o conceito de competência ultrapassa a noção comportamentalista do termo; que a motivação é o meio, freqüentemente, para atingirmos o sucesso; que as relações de cooperação devem ser regidas pela reciprocidade com relações constituintes; que a interpelação de cooperação é possível, quando se explicita a autonomia na participação irredutível e indispensável do indivíduo na elaboração de novas formas de pensar e novos conhecimentos; que a proposição dialógica evidenciada destaca a representatividade de troca e crescimento, tanto do educando, quanto do educador. Destacando, ainda, que o saber educacional se insere, a cada momento, nas vidas das pessoas, para que se tornem cidadãs. E, cidadão é aquele que se soma na vida social, e, ao fazê-lo participa, comprometendo-se com a ação político-pedagógica.