Resumo
Este estudo trata da inclusão de alunos com cegueira na educação regular por meio das aulas de educação física e capoeira enquanto conteúdo curricular. Tem por objetivo geral analisar a capoeira como agente de inclusão escolar nas aulas de educação física para alunos cegos regularmente matriculados na rede pública estadual de ensino de Sergipe e como objetivos específicos compreender a importância da educação física no contexto da educação inclusiva, especificamente para alunos cegos; verificar a importância e os benefícios da capoeira na formação dos alunos cegos; analisar as práticas pedagógicas dos docentes e o processo de aprendizagem dos alunos cegos da rede pública estadual de ensino de Sergipe, em relação ao conteúdo capoeira. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, com abordagem qualitativa. Os instrumentos de coletas de dados foram revisão bibliográfica, observação participante e entrevista despadronizada realizada com um professor de educação física e com uma aluna cega. Como técnica, foi aplicada a análise de conteúdo. A hipótese aqui elaborada e comprovada foi de que a capoeira pode ser utilizada como agente de inclusão nas aulas de educação física para alunos cegos. Os resultados nos possibilitam dizer que a capoeira possui um forte potencial para inclusão de alunos, neste caso especialmente de alunos cegos, tendo em vista seu caráter não competitivo, sua ênfase no trabalho em grupo, na união e no respeito entre as pessoas, valores imprescindíveis para que o jogo aconteça. Desta forma, possibilita a interação e integração de todos os envolvidos, uma vez que o mais importante é jogar com o outro e não contra o outro. Além disso, a própria história da capoeira por si só nos mostra a luta por direitos iguais, nesse contexto, estando diretamente ligada à busca da Educação Inclusiva em sua plenitude. Ademais, os movimentos peculiares da capoeira como a ginga, os golpes, os instrumentos e, por consequência, o ritmo que cadencia e determina o jogo a ser jogado se configuram como princípios fundamentais para o desenvolvimento da pessoa com cegueira em sua integralidade, visto que trabalham a percepção corporal, visão cinestésica, noção espaço-temporal, equilíbrio, agilidade, entre outros elementos, contribuindo, assim, para a autonomia e independência do indivíduo cego.