Resumo

Referência: Guedes, Gustavo Lira. Educação física e cognição: a influência do exercício físico em crianças com desempenho escolar inferior sobre a capacidade de controle inibitório. 2021, 54 páginas. Dissertação de Mestrado em Educação Física – Universidade Católica de Brasília, Taguatinga -DF, 2021. As aulas de educação física com engajamento cognitivo são um poderoso aliado na obtenção de melhorias de desempenho acadêmico na infância. O exercício físico praticado em intensidade moderada à vigorosa apresenta benefícios para a cognição, incluindo a atenção e as funções executivas, processos centrais para uma melhor experiência do aprendizado. O objetivo do presente estudo foi analisar o impacto de um programa de educação física com engajamento cognitivo sobre o controle inibitório de crianças com desempenho escolar inferior. O estudo contou com a participação de 31 escolares (♂= 14 ♀=17, 9,5 ± 0,9 anos e 16,4 ± 2,7 kg/m²), estudantes do período vespertino do Centro de Atenção Integral a Criança (CAIC – Walter José de Moura) do Areal –Distrito Federal. Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa em seres humanos da Universidade Católica de Brasília 902.836 (CEPUCB), foram realizadas avaliações iniciais e aplicado o Teste de Desempenho Escolar (TDE), no qual selecionou os participantes pelo score geral obtido no teste (≥101). Os participantes foram distribuídos aleatoriamente em Grupo Educação Física (GEF, n=20, ♂= 9 ♀=11) que participaram das aulas de educação física com engajamento cognitivo (3 meses, 2 x semana / 60 min aula / 172,8 ± 16,31 bpm) e Grupo Controle (GC) (n=11, ♂= 5 ♀=6) que participou da programação normal da escola (92,4 ± 8,9 bpm). Para avaliação da capacidade de controle inibitório foi aplicado o teste de Stroop GO/No-go antes e após 3 meses de participação no estudo, que continha combinações congruentes (simples) ou incongruentes (complexos), composto por três blocos de 55 ensaios cada, no qual foram incluídas nas análises estatísticas apenas as tentativas GO. ANOVA MISTA de medidas repetidas foi aplicada para a análise de tempo de reação, enquanto a quantidade de erros cometidos foi analisada pelos testes não paramétricos de Kruskal Wallis e Wilcoxon, respectivamente. Não houve diferenças significativas comparando os escores de tempo de reação pré e pós intervenção dos estímulos congruentes [F(1,428)=1,29 p=0,242] e incongruentes [F(0,201)=1,29 p=0,657] entre os grupos GEF e GC. Uma análise intragrupo revelou uma diferença significativa entre pré e pós intervenção na etapa incongruente do teste do GEF [F(3,218)=1,19 p=0,005], assim como do GC [F(7,304)=1,10 p=0,002]. Contudo, quando avaliado o tamanho do efeito, o GEF apresentou um efeito grande comparando pré e pós intervenção (d= 0,8), enquanto o GC apresentou um efeito moderado (d=0,6). A análise da quantidade de erros cometidos revelou que o GEF apresentou melhorias na etapa incongruente entre pré e pós intervenção (p=0,04), assim como o GC (p=0,01). O presente estudo expôs que o modelo de três meses de aulas semanais de educação física com engajamento cognitivo não apresentou efeitos robustos na capacidade de controle inibitório de crianças com desempenho escolar inferior.

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