Resumo

Desde que a escola existe como instituição, vários programas pedagógicos têm sido propostos.
Apesar da variedade de programas encontrados, que refletiram diferentes funções da escola ao longo de sua
história, atualmente, é reconhecido que: a) a escola tem papel essencial no desenvolvimento das crianças; b)
tem uma função social importante, devido a necessidade crescente das famílias de compartilharem com
instituições os cuidados com seus filhos; c) tem uma função política clara, contribuindo para a formação dos
cidadãos.
É óbvio, para os envolvidos com escolarização, que esse reconhecimento geral das funções da
escola não são tão simples, uma vez que questões como: qual o objetivo desse ensino? Acumular
conhecimentos úteis? Mas, úteis para quem e para quê? Aprender a aprender? Aprender a controlar, a repetir?
Essas questões fundamentais têm sido tema freqüente nas discussões acadêmicas e profissionais
da educação. Entretanto, a função precípua de ensino sistematizado dos objetos de conhecimento construídos
socialmente pelos homens ao longo da história como a escrita, a aritmética, as ciências sociais e naturais têm
sido de consenso. A escola, portanto, amplia, organiza e formaliza uma aprendizagem que se inicia e continua
no seio da família e no grupo social com o qual se vive.
Esse pressuposto, aplicado às diversas disciplinas curriculares como a matemática e as ciências,
por exemplo, gerou um conhecimento sistematizado que tem claro seu objetivo específico no processo de
escolarização. Contudo, ao se olhar mais atentamente para a educação física, vê-se que o mesmo não ocorre.
Observando-se a realidade que a Educação Física ocupa na escola, constata-se um componente
curricular sem uma clara definição de sua função no contexto educacional. Isto tem gerado uma prática
pedagógica sem sua especificidade devidamente caracterizada e por isso mesmo com dificuldade de interagir
com outras disciplinas curriculares. Além disso, freqüentemente se observa a existência de uma prática
carente de fundamentação teórica que oriente os procedimentos didático-pedagógicos (Tani, Manoel,
Kokubun & Proença, 1988).
Apesar de ser instituída legalmente como um componente curricular e até mesmo reconhecido
como fundamental para o desenvolvimento do aluno, a Educação Física, de fato, parece estar presente na
escola, essencialmente como simples atividade.
Neste sentido, o tema do presente Seminário expressa uma das maiores inquietações dos
profissionais da Educação Física, principalmente aqueles que estão atuando nas escolas. Em função dessas
constatações, pretendo refletir sobre a natureza do conhecimento específico que acredito ser da Educação
Física Escolar e, como conseqüência, definir sua função nos diferentes níveis de escolarização enfatizando,
através dos objetivos gerais e blocos de conteúdos, a pré-escola.

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