Resumo

Este trabalho tem o propósito de apresentar um relatório sobre a compreensão e a problematização acerca da relação dialética entre a Educação Física Escolar e o Esporte sob a perspectiva crítica de educação e Educação Física. Para tal, o estudo procurou: a) identificar a função da educação, da Educação Física escolar e da cultura corporal; além de b) discutir o esporte e problematizar o porquê este é ou deve ser tema da escola; assim como, c) apreender como o Movimento Renovador da Educação Física (MREF) tratou o esporte, sobretudo qual sua relação com a Educação Física Escolar e como as teorias desenvolvidas após o MREF abordaram o esporte nas suas proposições. Como ideia reguladora, adotou-se a monografia de base como produto final do curso de pós-graduação em nível de mestrado. Decidiu-se pela abordagem qualitativa e pela pesquisa bibliográfica, também denominada de pesquisa de fontes secundárias. Desse modo, buscamos analisar as teorias crítico-emancipatória, construtivista, cultura de movimento, corporeidade, estudos culturais da EF, e os documentos, recomendações do sistema Confef/Crefs, PCNs e Lições do Rio Grande. Levando em conta as características desta investigação, buscou-se analisar os achados a partir das lentes teóricometodológicas centradas no materialismo histórico, sob o método dialético, tendo como referencial as teorias críticas da educação e Educação Física. Por afinidade teórica, operou-se também com o conceito de cultura corporal referenciada na teoria crítico-superadora e cunhado pelo Coletivo de Autores, pioneiro na organização teórica pós MREF, como objeto de conhecimento da EF. Sob o prisma das teorias críticas, entende-se que a educação, a EF escolar e o esporte possuem elementos que auxiliam na formação e constituição de homens e mulheres conscientes, autônomos e comprometidos com o processo de emancipação. A escola, a EF escolar e o esporte podem ser considerados instrumentos que viabilizam o engrandecimento formativo dos sujeitos. A função da escola é de atender aos interesses da classe trabalhadora através do saber sistematizado. O perfil de educação voltado para atender aos interesses do capital é absolutamente contrário à perspectiva emancipadora de educação. Atribuem-se as características da escola à EF escolar, inclusive as lutas travadas ao longo de sua história e hoje em suas condições do “vir a ser” pertencente à formação humana. A burguesia, assim como fez com a educação de um modo geral, também buscou dominar a EF escolar e camuflar a luta de classes. A cultura corporal, por sua vez, como objeto de conhecimento da EF compreende a luta de classes e sua relação orgânica com a EF escolar. As conclusões apontam que é a partir da prática pedagógica e social da EF nos prismas diagnósticos, judicativo e teleológico que de fato, em alguma medida, a classe trabalhadora terá o acesso de qualidade aos temas da cultura corporal, entre os quais o esporte. Assim, cabe à escola, neste caso à EF escolar, proporcionar uma reflexão comprometida e ampliada com as camadas populares, pois o esporte é um bem cultural criado pelos homens e tem seu local privilegiado e formativo na escola. Por fim, destacamos que o debate das produções que relacionam o esporte e a EF escolar apresentou estagnação, ou seja, o que há de mais completo e revolucionário ainda é a obra Metodologia do Ensino de Educação Física, o Coletivo de Autores

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