Resumo

Esta pesquisa analisa as falas de mulheres feministas e de não-feministas sobre as injustiças praticadas contra as meninas nas aulas de Educação Física. O universo experimental foi composto por cinco mulheres feministas ativistas radicais e o universo de controle, por quatro mulheres não atuantes de movimentos sociais. A análise das nove entrevistas semiestruturadas, com base em quatro categorias de Paulo Freire (ser mais, dialogicidade, rebeldia e conscientização) e com o aporte dos estudos de mulheres, feministas e de gênero em uma perspectiva marxista, constituiu o cerne da dissertação. Ela conclui que o discurso biológico, incorporado e difundido pela Educação Física escolar, constituído a partir da lógica capitalista/patriarcal, contribui para compor, definir e essencializar marcas na constituição histórica e social de meninos e meninas, por meio de procedimentos, tais como turmas separadas, primazia do esporte de rendimento, abordagens tecnicistas, dentre outros, mas, principalmente, pela ausência do diálogo. Conclui, também, que existem inúmeras formas e estratégias de manifestação da rebeldia nessas aulas, contribuindo para tirar as meninas do lugar onde foram destinadas o da passividade, fragilidade gerando novas formas de resistência. Os procedimentos e as condutas discriminatórias, recuperados nas falas destas mulheres, ratificam a hipótese desta pesquisa em relação à reprodução das discriminações de gênero. Porém, elas não ocorrem dentro dos limites histórico-sociais específicos sem transgressões, resistências e rebeldias.

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