Resumo
Comentário crítico ao livro EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E LAZER - REFLEXÕES NADA ALEATÓRIAS, de Lino Castellani Filho, 2013.
Integra
~~CASTELLANI FILHO, Lino. EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E LAZER - REFLEXÕES NADA ALEATÓRIAS. Campinas: Autores Associados, 2013
Conforme prometido, volto ao irmão Lino... este o ultimo trabalho de sua lavra. Uma reflexão dos últimos 40 anos de atuação no campo profissional da Educação Física.
Lembra que sua formação tem três fases: antes do Maranhão; os dez no Maranhão; depois do Maranhão... aqueles dez anos no Maranhão... interessante que neste momento em que o estado está tão em evidencia por suas mazelas, pelas noticias negativas, seja justamente o espaço que lhe possibilitou formular as teorias e o trabalho em levar o seu pensamento acerca de Politicas Públicas de Estado - não de Governo!!! - para além da crise paradigmática que se instalou na 'nossa' Educação Física e Esportiva nesses quase 70 anos analisados pelo Professor-Doutor Lino...
Através de suas reflexões - e só poderia ser editado pela Coleção Polemicas de nosso tempo - divididas em três 'espaços': A Educação Física e a Educação Física Escolar; Polticas Governamentais de Esporte e Lazer; e Tributo a quem importa e outros comentários... pode-se traçar a evolução de seu pensamento crítico, desde os primeiros escritos na Revista Desportos e Lazer, lá do início da década de 1980 - século passado!!! - e as suas constantes críticas no formato adotado pelo Governo do Maranhão na definição de políticas públicas de Governo... já então reclamava pela definição de uma politica de estado...
O longo período de formação, do Mestrado e Doutorado, tendo como mentores Paulo Freire e Manuel Sérgio, em especial - objeto de um de seus primorosos artigos, de memória da educação física tupiniquim - "Que educação física queremos? que educação física quer o po0vo brasileiro?" é o grande mote de sua atuação profissional...
Interessante, que Lino faz uma autocritica contundente - de sua atuação e à do PT - na definição das Politicas Publicas de Estado, nos primeiros anos do Governo Lula; e sua continuação - previsível!!! e cantada bem antes, do atual; a 'entrega' do Ministério do Esporte ao PCdoB foi um erro estratégico, só possível nas espúrias alianças feitas para a manutenção do poder - a tal divisão do bolo que o Delfim falava, mal interpretada pelos próceres petistas.
Quero aqui abrir um parênteses: (abri... em homenagem ao Lino - e ao respeito e admiração que tenho por ele - não me referirei ao PT como comumente faço - PTralha, e aos seus asseclas, ops, associados/filiados, como PeTralhas, afinal ficou bem explicito a ligação, com o VovoPTralha, a VovóPTralha e seus PeTralhinhas, bem definidos e identificados no processo do mensalão...) não Lino... não falarei embora em dado momento você se refira aos chamados 'desvios ideológicos' que essa turma perpetrou, traindo-os. Lino é um "ingênuo"!!! - acreditou nos propósitos do Lulismo... - um puro... isso explica inclusive o 'mea culpa' que faz... Fecho o parênteses ). Fechei...
Reafirmo: nota-se a evolução do pensamento de Lino, na sequencia de artigos aqui republicados, fruto e suas palestras em diversas instancias e públicos. De seus escritos em diversos veículos, de sua atuação politica - no sentido lato do termo - Polis, publico, digamos, no sentido grego-clássico do termo, de participação através do diálogo... Discute: a evolução da educação física rumo ao aspecto reducionista da "aptidão física" - que se inicia ainda no Estado Novo; a relação de submissão do lazer à ótica do esporte; e suas implicações para a formação profissional. Tudo dentro das ótica contra-hegemonica... Para Lino, a ele só resta continuar construindo as condições objetivas para a concretização de (suas) utopias...
É nesse terreno - (de suas utopias...) - que percebe pertinentes os estudos acerca das teorias do esporte e do lazer, dos processo de formulação de politicas e do planejamento e gestão do esporte e do lazer, da educação lúdica e esportiva, na formação profissional/acadêmica...
É disso que trata o presente livro... Agora entendo a grandiosidade de sua luta por uma Educação Física e Esportiva pertencente ao Povo Brasileiro - e a ele destinada!!! Suas referencias? os aos que passou em São Luís do Maranhão...
A seguir, transcrevo uma entrevista que me deu, uns anos passados:
Entrevista realizada com o professor Doutor Lino Castellani Filho, realizada no dia 06 de abril de 2001, inicio às 18:06 horas, hotel Ouro Verde, em Maringá, Paraná.
L – Nome?
Li – O meu nome é Lino Castellani Filho
L – Data de nascimento?
Li – 07de dezembro de 1951
L – Local?
Li – Eu nasci em São Paulo, capital
L – Pais?
Li – Lino Castellani, ainda vivo, minha mãe já falecida, Cecília Marrie Rocha Castellani
L – Casado?
Li – Eu ,sou casado, sou casado!
L – Filhos?
Li – tenho dois filhos, um de vinte quatro, um de dezenove, do primeiro casamento, inclusive hoje dia seis, o segundo está fazendo aí, seus dezenove anos.
L – Onde e quando a Graduação em Educação Física?
Li – Foi na USP, Escola de Educação Física da USP, terminei em 74; 72 à 74.
L – Especialização?
Li – Eu fiz especialização em curso Técnico de Futebol, naquela época ainda 74, lá pela USP, FEFISA, e fiz um curso de especialização, Políticas, Desenvolvimento Social e Relação Internacional em Cuba em 88.
L – Mestrado?
Li – Eu fiz na PUC de São Paulo, no programa de Filosofia; História de Educação, de 83 à 88.
L – Doutorado?
Li – Doutorado, eu fiz na UNICAMP, concluído esse Doutorado na faculdade de Educação na área de Concentração em Administração Educacional, Política Educacional em 99, foi concluído.
L – Você é da mesma turma do Laércio, do Sidney?
Li – Do Sidney sim, O Laércio é anterior, Laércio é meu veterano, mas eu nem cheguei a conviver com ele na faculdade quando eu entrei ele já havia saído, o Sidney foi contemporâneo de turma, foi da minha turma mesmo.
L – Como você entrou em contato com o Maranhão?
Li – Foi através do Sidney, que tinha ido para o Maranhão antes de mim na época eu estava, eu estava trabalhando em Ribeirão Preto, no Botafogo de Ribeirão Preto, e eles estavam montando equipe de trabalho no Maranhão, o Sidney estava empolgado de férias em Atibaia, cidade onde ele morava, os familiares moravam, onde nós nos conhecemos, enfim. Ele fez alusão ao Maranhão, e me convidou para conhecer o Maranhão, e foi por ele então que eu fui no primeiro momento, Lá montaram um esquema de visita todo ele sedutor, e eu fui totalmente seduzido pelo Maranhão.
L – Em que ano foi isso?
Li – Foi em 76, começo de 76.
L – O Sidney na entrevista dele, ele disse que você nunca trabalhou na SEDEL, você não era funcionário da SEDEL?
Li – Nunca, nunca fui.
L – Era administrativo na Universidade Federal e que você teria ido para o Maranhão, para trabalhar com o futebol, parece-me que no Maranhão Atlético Clube?
Li – Eu cheguei no Maranhão, eles fizeram um, me colocaram algumas possibilidades de trabalho, nesse jogo de sedução, em janeiro de 76, eu voltei, desvinculei os compromissos que eu tinha em Ribeirão Preto e fui para lá, definitivo em Fevereiro, Março de 76, e os meus primeiros trabalhos no Maranhão foram no MAC, Maranhão Atlético Clube, como Preparador Físico, Eu dava aula no CEMA, Centro Educacional do Maranhão, em primeiro e segundo grau, e logo naquele mesmo ano eu me envolvi na construção de um projeto para Educação Física, na Educação Superior, na... hoje UEMA, naquela época FESM.
L – Aquele curso de Educação Física da UEMA da FESM?
Li – Não , não tinha curso de Educação Física, tinha o setor de prática esportiva, pro conta da implementação daquele decreto, daquela lei 6251 de 75 que já apontava, para a regulamentação de 77 que veio, que veio depois, e falava da parte esportiva obrigatória, E eu o Zartú que trabalhamos em torno do projeto. O Zartú era o coordenador na época, e eu tive essa associação. Eu entrei na Universidade Federal do Maranhão em 78, não era administrativo não, era um cargo técnico era...?
L – Técnico em assuntos educacionais?
Li – Técnico em Assuntos Educacionais, ligado a um projeto de desenvolvimento do esporte universitário vinculado a Pró-Reitoria de extensão em assuntos Estudantis.
L – Vinculado ao DAC?
Li – O DAC, era o Departamento de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de extensão mas estava ligado ao DAE, Departamento de assuntos Estudantis e depois fui para o outro departamento de interiorização, que me levou a desenvolver, projetos coletivos de políticas públicas, pelo interior do Maranhão, nesse meio tempo eu já fiz parte, mesmo como técnico de Educação Física em assuntos educacionais do primeiro corpo docente da criação do curso de Educação Física da UFMA, em Já assumi de cara a responsabilidade por duas disciplinas lá , lembro que uma delas era organização esportiva, a outra eu não sei, não lembro qual era, e todo processo de criação do curso lá eu me envolvi desde o primeiro momento, com o grupo; mesmo em eu formalmente na função de técnico mas, Eu, Mary, Sidney, Laércio, desenvolvemos a criação do Curso Educação Física do ITA, depois virou MENG né?
L – É hoje OBJETIVO!
Li – Hoje OBJETIVO, mas na época, o curso funcionou na época do ITA.
L – Sidney era coordenador?
Li – É, tinha a Terezinha Rego , que era a dona do ITA.
L – Ela era a dona do ITA depois vendeu para o Márcio...
Li – É, mas aí na época do Márcio já não tinha mais o curso, nós ficamos um pouco, e o curso cutucou o pessoal da Universidade Federal, a correr atrás do processo de criação do curso da Federal, não é.
L – Eu pergunto pelo curso de Educação Física da FESM, porque em 74, quando o Laércio chegou, ele foi o primeiro, e levou o Domingos Salgado depois para criar um curso, e chegou a ser criado esse curso, depois eu soube, que criaram o do ITA, aí a Universidade correu para criar o dele, e houve um acordo, de que a FESM não abriria para dar chance da UFMA criar o dele, você ouviu alguma coisa sobre isso?
Li – Não, Não, nunca soube dessa história, não nunca tive notícias, a única relação com a FESM foi em função da prática esportiva.
L – Trabalhou por pouco tempo?
Li – Eu praticamente desenvolvi o projeto, mas eu, propriamente não trabalhei, eu só me envolvi no projeto, já naquela época a FESM, eu acho que foi um pouco depois da minha chegada não foi em 76 não, foi já em 77 depois do decreto 80.228, que sistematiza a questão do esporte Universitário, o que eu fiz quando eu cheguei, além do MAC, do CEMA, foi trabalhar no SESC, e foi aí o meu primeiro contato com o Dimas por que o Dimas era professor do SESC; Eu praticamente entro no lugar dele.
L – Você trabalhou no CEMA com o Dimas no CEMA, ou o Dimas Já havia saído do CEMA nessa época?
Li – O Dimas estava por lá ainda, mas ligado à TV Educativa, tinha alguns programas da TV Educativa, não propriamente ligado ao setor de ensino de primeiro e segundo graus, eu me encontrei com Dimas no CEMA, via TV Educativa, alguns programas de TV de ginástica que ele desenvolvia, mas o contato mais direto foi no SESC, quando ele estava saindo, que já algum tempo, ele mantinha alguns alunos dele desenvolvendo uns trabalhos em Educação Física no SESC, ele já não tinha mais disponibilidade.
L – Ele chama de ginástica modeladora para senhora?
Li – E era, o Juvenal até que estava envolvido com a ginástica, e aí eu chego e ele acho que me apresenta, e de alguma forma eu fico no lugar dele no SESC.
L – Trabalhando com Futebol?
Li – Trabalhando na verdade não com o Futebol, eu administrava, gerenciava toda a parte esportiva, então existia uma demanda muito grande para quadra, uma única quadra e eu criei um mecanismo de ocupação daquela quadra no sentido de racionalizar o uso; utilizar o uso, mas fiquei pouco tempo porque aí eu tive alguns atritos com administração, por conta de falta de material, falta de trabalho e aí eu fui para Escola Técnica e me torno professor de segundo grau Na Escola Técnica.
L – No curso de Educação Física , que você foi coordenador?
Li – Aí dentro da Escola Técnica, desenvolvemos o projeto de criação do curso de Formação de Magistério em Educação Física em nível de segundo grau, eu fui o primeiro coordenador do curso. Elaborei o projeto junto com os colegas que estavam presentes naquela ocasião e outros que foram para lá depois, inclusive você também não é, aí fiquei na coordenação.
L – Esse curso já foi em 80, 81 não é?
Li – Pois é, mas entro na Escola Técnica em 77, 78.
L – Quando cheguei na Escola Técnica em 79, você já não era mais professor.
Li – Eu ainda estava lá sim, eu acho que...
L – Depois você voltou para coordenar o curso.
Li – Ah! Sim já sei, o curso está certo; Houve esse iato de tempo aí, eu me afasto para sair para o mestrado e você assume a coordenação.
L – Não eu nuca assumi..
Li – Não chegou a assumir a coordenação do curso?
L – Quem assumiu foi o Trajano.
Li – Ah! Foi Trajano!
L – Foi Trajano que assumiu no teu lugar na coordenação do curso.
Li – Ah1 tá o Manoel Trajano, mas aí eu já estava na Universidade do Maranhão eu saí do Maranhão Atlético Clube, eu tive um outro trabalho de futebol no Tupã. No Tupã eu fui técnico.
L – Tinha uma proposta boa no Tupã com Mário Cella, me pareceu, o que seria hoje esse clube empresa,não é mais ou menos isso?
Li – Não, na verdade era uma perspectiva de um clube universitário, os dirigentes tinham toda uma formação universitária, tinham uma visão de profissionalização, no trabalho de não tratar o futebol, pelo o coração ou pelo fígado, mas dá um sentido de um trabalho de gestão, mas profissional, mas no sentido que hoje é prestado a profissionalização, éramos todos militantes, usávamos nossos tempos disponíveis para fazer isso. O tupã, durante uma época foi referência de uma organização esportiva do Maranhão, um clube pequeno que do nada constrói uma sede lá no São Francisco.
L – Perto do mangue
Li – Isso, não é promovendo festas, bailes de carnavais, que repercutiram e o futebol começa a ganhar espaço. Clube pequeno que começa a ocupar espaço entre os principais times de Futebol , SAMPAIO, o MAC e o MOTO, nós passamos a ser a quarta força.
L – Eu não sei se você sabe , mas o TUPÃ, ele foi fundado na década de 30.
Li – É, me lembro disso!
L – E era uma força, chegou no ano seguinte que ele foi fundado, chegou a ser Campeão Maranhense, por várias vezes então foi uma força muito grande na época de formação do Futebol Maranhense.
Li – Mas aí naquela época...
L – Na profissionalização do Futebol no Maranhão?
Li – Nos anos 80, final dos anos 70, anos 80 o que mais chamava atenção no TUPÃ era a relação que ele tinha com a comunidade Madre de Deus, onde ele funcionava a sede, onde tinha aí então tinha um vínculo muito forte com a comunidade, o envolvimento da comunidade para que o clube existisse e funcionasse era uma coisa bonita e eu me envolvi nisso também.
L – Vamos falara um pouco da implantação do curso de Educação Física, o Sidney falou. Laércio fala que houve o trabalho do Domingos Salgado, o Sidney disse que o Domingos Salgado inclusive era contra a implantação do curso de Educação Física e o trabalho todo foi feito basicamente por ele?
Li – Ele quem?
L – Pelo Sidney, e o Dimas me falou de uma Simei Bilho, mas a Simei ela veio para implantar a prática esportiva e não o curso de Educação Física
Li – Quando eu entro em 78, na Universidade nessa função de técnico nós estávamos já envolvidos na criação do curso, tinha a Cecília, O Dimas ...
L – Domingos Salgado ... era contrário, mas depois...
Li – É mas nesse movimento.
L – Dimas me falou que ele pouco participou da criação do curso, assim como Cecília. Cecília depois do curso criado é que foi se envolver, sendo coordenadora de uma série de coisas não é?
Li – É, diria que o movimento de criação, a construção das instâncias, organizadoras, construtoras do material do processo necessário para a criação junto as instâncias Federais do curso, o envolvimento foi o Laércio, que era a pessoa mais antiga e com mais influência.
L – Laércio saiu para o mestrado na época, ele nem chegou a participar da criação. Quando o curso foi criado ele já não estava mais?
Li – Isso aí em 75, não é? O Sidney fazia parte desse grupo, eu fazia parte de outro grupo eu não saberia dizer quem se envolveu mais, quem se envolveu menos. Naquela época o que mais ficou na minha memória foi o sentimento de trabalho colegiado, trabalho coletivo, trabalho em equipe, resistência por parte de Dimas e de Cecília, nunca explicitada, não é porque aquele receio dos paulistas ocuparem o espaço dos maranhenses, muito comum, numa postura muito regionalista, não é? E a gente apontando aquilo ali como seria bom para o desenvolvimento da Educação Física para o Maranhão, para a própria São Luis e para o interior, e que aquele medo não tinha sentido não é?, mas eu diria que foi o esforço dessas pessoas aí, não saberia dimensionar ou quantificar, mais ou menos o esforço.
L – Muito embora você não tenha trabalhado como funcionário do Estado, do DFER, você participou muito da criação dos primeiros JEM’S, eu lembro que você sempre estava lá, você e o Marcão, sempre na coordenação dos jogos; fale um pouco sobre a criação do JEM’S no ???? de Cláudio Vaz, e o que combinou com a vinda dos paulistas para o Maranhão?
Li – Então veja, um pouco antes disso ficou faltando eu falar do papel do Domingos Salgado. O Salgado já estava na Universidade com a prática desportiva, antes da nossa chegada, mas ele foi um personagem muito controvertido e polêmico, ele não se envolveu nesse processo de criação desse curso, não saberia dizer exatamente quais os motivos, não senti ele atrapalhando, certamente ele não ajudou, eu não saberia dizer se ele atrapalhou. Eu não me lembro, não tenho notícias de presença dele impedindo, dificultando o trabalho. Mas, logo depois ele saiu do País e se afasta da Universidade, e ele criou, deixou uma imagem ruim para a Educação Física por algumas coisas que ele desenvolveu lá dentro que nós tivemos que devagarzinho, construindo outra imagem e tal.
L – Imagem também que depois contra o trabalho dos paulistas né?
Li – Pois é, principalmente é isso que dificultou um pouco mais ainda a assimilação de outros paulistas não é?, mas eu também não saberia dizer até que ponto isso influenciou muito eu sei que o trabalho foi feito, eu me tornei docente do curso só praticamente na época de eu sair da Universidade para o mestrado e tudo mais, desenvolvi na Universidade um projeto de desporto universitário, me envolvi no refortalecimento da Federação Acadêmica, tinha o projeto de criação das atléticas, criei as atléticas para os centros, estudos básicos, saúde, ciências humanas, aquela coisa toda. Fui chefe de delegação universitária maranhense em 77 para Natal, em 78 para Curitiba, em 79 para João Pessoa, em 80 para Florianópolis , e fui o coordenador geral dos XXX Jogos Universitários Maranhenses e foi minha última ação articulada nesse setor de desporto universitário. Em 83, eu me afastei para o mestrado, eu legitimei minha presença na Universidade a ponto do Reitor colocar obstáculos na minha saída para o mestrado na condição de Técnico não era docente, e eu saí com todo respaldo do Cabral na época, pelo trabalho desenvolvido nesse setor, os jogos foram um sucesso, conseguimos recursos federais para fazer o restaurante que até hoje está lá, Universitário. Recurso para construir o complexo do Castelão, também veio por conta dos jogos universitários. Lá , o Ginásio, a pista, a piscina, isso em 82, e foi uma experiência esportiva muito valiosa naquela época. Com relação aos JEM’S eu não participei dos primeiros JEM’S, não, Jogos Escolares Maranhenses, eu não estava no Maranhão ainda acho que os primeiros JEM’S foram em 73, 74, 75, e eu cheguei em 76 lá. E aí quem estava diretamente envolvido no DEFER, era o Laércio que era assessor do Carlos, e nos jogos ele me convidava para participar da comissão organizadora dos jogos, então eu era contratado para essas questões esportivas que foi uma área que eu sempre me envolvi. Foi um trabalho que desenvolvi no Ribeirão Preto em organizações esportivas no Botafogo e de alguma forma me levou para o Maranhão então eu me envolvi no JEM’S.
L – Nessa época já era o Carlos Alberto Pinheiro que era o coordenador?
Li – Isso, que era chefe do DEFER.
L – Você não teve contato então com o Cláudio Vaz?
Li – Cláudio Vaz não, no DEFER não já peguei o Carlos só. Ai todos os JEM’S praticamente de 76 até minha saída em 82 eu fiz parte da organização com tarefas organizativas, foi aí que eu te conheci te chamando de Imperatriz para cuidar Diretor Técnico da modalidade de Atletismo e aí foi experiência rica.
L – Na verdade era o Asdrubal que era coordenador, e ele teve um problema familiar e não pode chegar e eu acabei assumindo junto com o Lopes.
Li – O Lopes era o sargento não é isso? Eu ...do Asdrubal eu não sabia, eu era chamado para uma determinada tarefa organizativa e aí já estavam o Marcos, o Laércio á frente disso nós fizemos um trio de trabalho que deu muito bem, muito bem porque eu sempre tive um sentido de organização muito forte, o Laércio foi desorganizado por natureza mas tinha uma pessoa que no grupo tinha idéias interessantes e nós, Eu e o Marcos tínhamos uma característica executiva muito forte então era um trio que funcionava muito bem, fiz muito isso e na organização do JUM’S os Jogos Universitários Maranhenses também de 78 e 79 o Marcos me ajudava o Laércio se envolvia então foi um trabalho de equipe principalmente nós três. O Sidney entrava mas, ele era assim, ele cuidava do Voleibol nos jogos, tanto nos JEM’S, quanto nos JUB’S. comissão técnica.
L – Ginástica Olímpica?
Li – Aí entrava o Dimas, entrava o Juvenal.
L – Rítmica e Desportiva com Vanilde?
Li – Com a Cecília não é, o Handebol entrava o Pinheirinho, entrava aquela turma dele lá do Laércio.
L – O Biguá, O Vitché?
Li – O Biguá, e Eu e o Laércio, mas o Biguá nos JEM’S estava mais em função do Colégio Batista, o Viché estava envolvido com algum colégio então ele não estava na organização, ele participava como técnico de equipe de colégio, a visão macro da organização dos jogos sempre partiu do Laércio, Marcos e eu, então eu aprendi muito, aprendi naquela possibilidade de fazer, aprender fazendo, aprendendo com os próprios erros. Foi uma escola pra mim.
L – SEDEL, o que você comenta sobre a criação da SEDEL, você teve alguma participação?
Li – Não, não tive participação política na criação da SEDEL, até porque o espaço político o espaço de intervenção política nunca foi um dos partidos que sempre tiveram poder no Maranhão, em São Luis em particular, sempre fiz organicamente às vezes sim, às vezes não, parte de grupos de oposição, aquela política maranhense de Sarney, o sarneismo eu sempre fui oposição, sempre fiz parte do grupo que votava contra aquilo tudo, nem peguei exatamente o momento de organização do EPT, que eu saí de lá enquanto o EPT se organiza como partido político, vim vivenciar isso já em São Paulo, viver isso em São Paulo mas, acompanho a criação não sou chamado para compor a equipe, o que não foi surpresa para mim porque não havia muita sintonia de pensamento, mas acabo me envolvendo em uma coisa ou outra, por conta da presença do Laércio em algumas atividades por exemplo: eventos acadêmicos em 79, por exemplo nós fizemos o 1° Congresso Regional Norte – Nordeste, o CBCE, com o apoio da SEDEL, aí eu me envolvo na organização desses congressos.
L – 79 ou 81?
Li – Foi em 79, 81 foi ano impar, ano do Congresso Brasileiro em Londrina, que eu e o Laércio viemos para o congresso também, já naquela época envolvidos nisso não é? E em 79 eu me lembro que foi taxado como evento de comunistas, a SEDEL o secretário era o Jesus, não queria sequer assinar os certificados porque o MEC estava dizendo que aquilo era comunismo, o Laércio teve que fazer o meio de campo que era um papel que ele fazia muito bem. Ele acabou assinando o JUB’S no Maranhão com o Sarney, como o governador endossou o pedido para que os jogos fossem lá.
L – O Governador era João Castelo, não é isso?
Li - Castelo, nós tivemos o trabalho de cobrar esse apoio. na hora de dar o apoio, todo mundo quis dar. Na hora de efetivar o apoio estavam tirando o corpo fora, aí foi uma relação muito difícil com o Elias, o Arimatéia presidente da FAME e eu da coordenação geral disso tudo porque na verdade o apoio não vinha, e nós fizemos denúncias públicas, exigindo apoio, eles tiveram por pressão que oficializar esse apoio todo e aí criou um clima muito tenso que reforçou até essas visões diferenciadas. Fizemos um encontro EPT lá também, que eu me envolvi.
L –É isso que eu ia falar
Li – Esse que foi 81/82
L – O que aconteceu naquele congresso? Primeiro não era para ser um congresso do EPT não é? Era pra ser um congresso sobre lazer mesmo porque a política...
Li – Eu acho que foi um pouco isso, a idéia era um encontro de lazer com algumas pessoas que faziam parte do nosso grupo já brasileiro de discussão à partir de uma lógica de política de lazer de ???? de esporte de esquerda onde a Maria Isabel tinha na época um papel importante, ela foi para o congresso em 79 e aí por questões de vinculação com o Governo Federal esse evento se tronou o evento EPT.
L – A secretaria de esporte para todos?
Li – Tinha a Sub-Secretaria de Esporte para todos como sub-secretaria da secretaria de Educação Física e esportes do MEC, a SEED, tinha SUEP, subsecretária de EPT com a comandante Lamartine Pereira, como coordenador central, o Jorge Takanachi, como dirigido do Lamartine, o Person Cândido Matias de Sousa como outro membro e aí sim na programação que nós caminhamos houve votos, houve censura por parte de Lamartine e da equipe dele, não saberia dizer se foi bem Lamartine foi da SUEPT, aí o nome da Maria Isabel não foi aceito.
L – Kátia estava nesse grupo?
Li – A Kátia Brandão Cavalcante não foi aceita, e aí nós conseguimos trazer esse pessoal eles não participaram da mesa porque os nomes deles não foram aprovados. Para suas mesas , mas na plenária eles se envolveram no debate, isso criou também todo um espaço de discussão de bronca da gente o que reforçou o estigma que acabou criando em torno de nós, de pessoas de oposição, esquerda porque apenas...? aceitavam aquele tipo de visão de Governo Federal que na área de esportes de Educação Física mas do que nuca tinha dificuldades em perceber que o momento político já não era aquele dos anos 70, não é? Já era um momento de abertura, que para eles é muito difícil de entender.
L – A política da SEDEL na época era mais lazer que EPT, quem trabalhava no EPT efetivamente com os eventos etc...etc..., era a UFMA; O Dimas?
Li – Isso o Dimas foi agente EPT, sempre teve uma relação.
L – Era professor de recreação da Universidade?
Li – Isso, isso.
L – Dimas me falou que sempre entrava em choque com você em função do EPT, em função do que você fazia com o EPT, você sempre criticava isso. Ficou bem claro durante o Congresso e que você o chamou , você sempre o chamava de ingênuo?
Li – Sim.
L – Ah você é um ingênuo, você é um ingênuo, Dimas disse: que pôxa! Não sei porque o Lino sempre me chamava de ingênuo por causa disso. Dá pra você falar um pouco sobre isso?
Li – Eu acho que tem haver com o jeito do Dimas, o Dimas é uma das pessoas que aprendi a respeitá-lo, uma pessoa extremamente boa, coração puro não é? Mas talvez por conta dessa pureza ele explicitava uma ingenuidade das construções das relações que estabelecia, que tinha um sentido político para ele porque a medida que ele não questionava muito as relações construídas colocava tudo sempre à disposição, não importa da onde viesse o convite, ele garantia espaços e intervenção que talvez se ele assumisse um papel com uma postura política mais evidente, mais clara de posição significaria fechar algumas portas, talvez mais portas do que abrir outras e ele sempre quis fazer um trabalho de estar de bem com todo mundo e eu deixava claro que assumi uma posição. Era assumir a oposição, a outras posições e necessariamente a unanimidade não era possível de ser construída a partir dessa lógica, e eu mostrava o quanto o trabalho dele tinha carga de ingenuidade que ele se varia dela oportunisticamente para tirar proveito de estar sempre em lugares de destaque não é? A medida que ele nuca queria fazer uma leitura crítica do significado do EPT, que já nos anos 80 nós fazíamos. Lembra de uma revista Corpo e Movimento, que teve artigo de Kátia, um artigo de Lamartine, um artigo de Apolônio?
L – A própria Desportos & Lazer, publicada pela SEDEL?
Li – Pela SEDEL, isso! Então nós fazíamos, já vivíamos uma época de uma postura crítica sobre a realidade de Educação Física e do esporte que ele não acompanhava, ele tinha sempre uma visão romântica do processo e eu sempre naquela época, até por toda talvez aí o processo mesmo de crescimento uma outra fase menos madura não é? Eu não só fazia a crítica como criava espaços de atrito, de conflito porque não admitia aquela postura extremamente apolítica de neutralidade.
L – Completamente diferente da Silvana?
Li – Sim que sempre teve uma postura!
L – Depois se envolveu com a política partidária do EPT?
Li – Sem dúvida alguma não é? É o que eu aprendi, mas respeitei no Dimas. Talvez seja até isso, quer dizer, nunca a postura dele impediu, ele nunca colocou dificuldades para que as filhas tivessem posturas políticas totalmente antagônicas as que ele tinha, ele sempre respeitou isso e nunca desmereceu, ele nunca destratou, ele nunca...!enfim! respeitou as filhas dele e isso fez com que eu aprendesse a respeitar o Dimas, a respeitar, a me relacionar com diferenças mesmo sabendo que você tem uma postura diferente significava lá na frente construir intervenções diferentes, que trariam resultados diferentes à configuração das políticas , eu me identifico muito mais com a Silvana, politicamente falando, do que com o próprio Dimas em termos de trabalho em nossa área.
L – APEFELMA?
Li – APEFELMA! Antes da APEFELMA , nesse meio tempo tem é que falar do trabalho com o Cláudio Vaz, sim, que eu fui me encontrar na prefeitura fazendo contraponto com a SEDEL, também aí nós criamos uma área de disputa.
L – A FUMESP?
Li – FUMESPE, Fundação Municipal de Esporte; eu fui assessor do Cláudio Vaz, com o Marcão, e aí sim nossas ações de construção política, o Cláudio Vaz estava muito preocupado com isso dava liberdade para a gente, demarcavam muito nosso campo de intervenção para a sua SEDEL mostrando uma outra visão do esporte, de lazer por aí a fora, e nós tínhamos uma capacidade de trabalho com menor grupo às vezes demonstrando mais capacidade de trabalho do que com a SEDEL e evidentemente aí tinha sempre um campo de disputa. Bem a APEFELMA, nós desenvolvemos a criação, na ocasião à Associação dos Profissionais em Educação Física e Lazer do Maranhão, criamos estatuto, regimento aquela coisa toda. Naquele momento era um espaço que...!!!
L – Ressaltar que todo mundo tinha???? Associação de Professores, aliás por interveniência tua e do Laércio ficou não? Professores não tem que ser profissionais pois é que ampliando a idéia de introduzir a questão do lazer dentro do próprio nome dessa entidade , que não tinha caráter Sindical, tinha um caráter mais de associativismo, de aglutinar os profissionais dessa área a partir do momento que já tinha um curso da Escola Técnica, outra universidade formando profissionais com dificuldades.
Entrevista com o Professor Lino - LADO B
L – Estávamos falando sobre a APEFELMA
Li – É, ela surge nesse contexto aí, de agente tentar da uma organização ao setor que começava se organizar e a trazer para dentro toda aquela discussão do exercício profissional, da formação profissional acadêmica, da intervenção no campo, a questão do mercado de trabalho, começa a pintar a disputa do profissional e do leigo. O curso da Escola Técnica tendo uma outra formatação de atender o interior, através de convênios com as prefeituras do interior, de mandar alunos para o curso, o da UFMA, voltado mais para atender a Capital e mesmo assim não houve ?????? demanda, a PEFELMA surge nesse contexto, no contexto de reorganização política na Sociedade Brasileira e de reorganização de setores na sociedade, dentre eles os profissionais, mas na verdade era; eu não me envolvi na vida dela, porque tem sido conveniente que eu me afaste do Maranhão para os meus estudos e a minha volta se dá, por um semestre em 86, onde então eu consigo o desligamento da Universidade para sentar e assumir.
L – Na Escola Técnica
Li – E na Escola Técnica, na verdade eu não tive um desligamento não, eu tive que cortar vínculo; na Universidade o vínculo foi tranquilo, não houve problemas, o reitor, eu me lembro de uma conversa com ele, ele disse: - olha isso se eu fosse você eu ia, agora eu não posso dizer para você ir, e aí com isso eu entendi que ele estava sinalizando, para a minha saída, dizendo: tá aberto, o sinal está verde para você sair, afinal um convite de uma UNICAMP, poderia da um outro rumo para a minha vida profissional, que realmente acabou acontecendo.
L – Você está na UNICAMP até agora não é?
Li – Você está na ÚNICAMP desde 1986, até hoje e é um espaço que me permite intervenções profissionais das mais ??????? com bastantes amplitudes.
L – Ronald Carvalho?
Li – Foi um diretor de Escola Técnica com o qual estabeleci uma relação muito respeitosa
L – Você soube que ele morreu recentemente?
Li – Eu soube; soube do falecimento dele, fiquei chateado com ele e foi mais um espaço de aprendizado dê lhe dar com a diferença ele era uma pessoa que até por ser de Escola Técnica sempre teve uma aproximação forte com o Governo Federal com o Governo Militar, não sei exatamente qual foi a sua história na sociedade maranhense.
L – Você não teve contato dele como esportista, como jogador de basquete?
Li – Joguei muito basquete com ele; mas não bati alguns papos com ele, formalmente, jogávamos basquete em alguns dias da semana na Escola Técnica, mas acima de tudo o que mais me marcou, no meu relacionamento com ele, que sempre ficou claro num papel de opositor ao governo militar, opositor a uma lógica de governo, uma visão diferente, da que ele tinha, mas em nenhum momento isso impediu a minha presença na Escola Técnica, que eu assumisse cargos de liderança, ele sempre respeitou a minha posição e a minha competência profissional, e sempre separou, posições pessoais de uma posição institucional de diretor de uma Escola, tenho muito respeito por ele, tenho uma imagem muito respeitosa dele.
L – Rinaldi Maia?
Li – Rinaldi Maia, foi um professor que teve que se dá conosco; comigo em particular numa época onde eu tive assim, o inicio da minha vida profissional, e no processo de maturidade ainda inicial, certamente eu não teria os embates que eu tive com ele, mas foi um momento de muito embate político, ele foi chefe de departamento da UFMA, ele tinha uma postura conservadora de Educação Física, mas que hoje, às vezes até retirada da Educação Física, mas que hoje, certamente eu respeitaria mais por conta de uma trajetória, de uma geração, de uma época, onde ele se formou e construiu a ação profissional dele que dificultaria ele a compreensão do que estava acontecendo nos anos 80, naquele momento eu não tinha muitos limites, muito ligado para aceitar esses limites não, e tivemos muitos empates, mas ao mesmo tempo volto a dizer, foi um outro momento onde para mim, foi uma escola de aprender a lhe dar também com diferentes, com antagônicos, com opositores, numa relação de convivência que certamente hoje que; de extrema valia para o meu trabalho da presidência do CBCE, na presidência da UNICAMP, Associação de docentes da UNICAMP, de lhe dá com um coletivo que não necessariamente pensava como eu, então eu coloco o Rinald Maia também como alguém que merece o meu respeito, e que talvez eu não tenha naqueles momentos de convivência sabido respeita – la como hoje, talvez o fizesse, mas eu não tive alguns embates, que talvez hoje eu não fizesse porque hoje eu estaria mais atento a história dele como estive naquele momento.
L – Uma questão delicada o teu relacionamento com o Rinaldi, o filho dele até hoje, o acusa de ter sido responsável pela morte dele, por causa dessas discussões, ele ficava, ele saia da Universidade depois das Assembléias Departamentais, praticamente arrasados pelas posições.
Li – É, eu acredito que... evidentemente o Rinaldi Maia era uma pessoa que se envolvia nos trabalhos profissionais dele e como chefe do departamento ele tinha responsabilidade de estabelecer direções, coordenar reuniões e administrar os embates políticos, presentes no corpo docente ?????, os embates eram fortes e talvez esses embates tenham prejudicado o seu estado de saúde, nesse sentido, não é
L – Bem avançado a idade
Li – Já era uma pessoa idosa, com uma idade avançada e nesse sentido talvez exagero dizer; eu me sinto responsável, não tenho sentimento de culpa por isso né.
L – Já havia aquela briga, que havia entre os da terra e os paulistas?
Li – Isso sempre esteve presente no universo do Maranhão; eu tenho dois filhos maranhenses, nascidos lá, tenho amigos no Maranhão até hoje, mas muito momentos não nos deixava-nos sentir maranhenses, porque o regionalismo impregnava as relações, havia um medo de que nós ocupássemos espaços dos maranhenses e não percebiam que nós estávamos formando par com os maranhenses que dariam conta de assumir, a gestão da história do Maranhão e que nós fazíamos parte de um momento dessa história.
L – Cecília Moreira?
Li – Um relacionamento mais simples, era uma pessoa de menos embate, de não assumir posturas que explicitasse um conflito, antagonismos e tínhamos sim posições diferentes, divergentes mas também nos relacionamos de maneira amistosa não tivemos embates muitos fortes não; não o tenho como um dos campos de oposição, construímos muita coisa em nome dessa Educação Física, do curso de Educação de Física na Universidade, soubemos construir ações conjuntas mesmo nós sabendo diferentes
L – Dimas?
Li – O Dimas! O Dimas foi isso, uma pessoa que poderia ter brigado muito comigo porque as vezes eu fui muito intempestivo com ele nas acusações que fazia dessa ingenuidade, dessa neutralidade política impossível eu sempre dizia: - Dimas no momento em que você assume essa neutralidade e ela não existe você está assumindo uma postura política e sua posição política sempre se deu ao lado de quem está no poder, sempre se vinculou aos donos do poder, aos governantes de plantão; e eu não aceitava esse tipo de postura, como continuo não aceitando, o Dimas sempre teve uma postura generosa ele nunca estabeleceu comigo uma ação de desrespeito, nunca deixou de conversar comigo por conta disso, talvez ele olhasse em min, um pouco do que ele olhava nas filhas dele, mas a Silvana que também se opunha a ele, também questionava a postura dele, e do mesmo jeito que ele tratava a filha com a paciência de que um pai tem para com o filho, de alguma forma ele teve essa paciência comigo, no momento em que talvez fosse para ele um filho mesmo, até pela diferença de idade .
L – Laércio?
Li – Laércio, é o grande irmão que eu tenho, de amigo que eu tenho, é a pessoa com quem eu mais briguei e brigo na minha vida e me dou o direito de brigar porque eu sei que a briga é a explicitação das diferenças, das divergências, não coloque em risco uma relação de amizade, nos colocamos em situações apostas em campos de lutas opostas durante muitos momentos da vida, mas eu aprendi muito com ele, desenvolvi muitos trabalhos conjuntos, porque ele tem uma capacidade de pensar projetos muito grande e uma dificuldade muito grande de levar adiante os projetos. Eu penso, mas tenho também uma capacidade de execução, tenho consciência disso bastante grande e esse casamento foi muito interessante, durante muito tempo, trabalhamos juntos no Maranhão, na diretoria do CBCE, onde ele foi presidente, eu fiz parte da diretoria, e ele tem essa coisa de querer estar de bem com todo mundo, com todos os campos, que eu me entendo isso é impossível, e compromete muito a respeitabilidade dele em diversos setores da Educação Física brasileira, eu continuo entendendo que essa postura, desligitima às vezes uma ação dele, e cobro muito dele isso, agora tem umas posições divergentes como por exemplo, a questão da regulamentação da profissão, mas isso por exemplo não impediu que na segunda feira passada ele estivesse no aeroporto em Brasília me esperando e eu fui dormir na casa dele, não é, que ele me convidasse essas coisas todas.
L – Só para encerrar, valeu a pena?
Li – Sem dúvida que sim, valeu e continua valendo a pena, a maratona de estar aqui em Maringá nessa conversa, depois de um dia de trabalho, reflete pique reflete acreditar na importância do que estamos fazendo, do significado disso para o desenvolvimento de um pensamento na Educação Física, envolvimento no CBCE, e que fique registrado. Eu quero aí, por conta das ultimas, conversas nossas que você volte a freqüentar o CBCE, reaprender, reencontre o CBCE e perceba o que mudou dentro dele e ajude com suas críticas por dentro dele, a construir essa entidade cada vez mais democrática talvez uma das mais democráticas da Educação Física Brasileira, hoje mais do que nunca perceba e viva o CBCE com ficaria muito contente de que ainda na minha gestão vê a tua ficha de renovação de associado do CBCE.
L – Maranhão ?
Li – Uma eterna paixão, me recebeu, me acolheu
L – Tua frase coincide com o Sarney, coincidiu com o Sarney
Li – Pois é.
L – Maranhão, minha paixão ( risos)
Li – Tenho realmente uma paixão, eu acho que eu soube, no momento exato mostrar que essa paixão teria que sair do Maranhão, foi a escolha certa, para mim eu acho que o que eu faço hoje, o que eu desenvolvo hoje tem a ver com a minha saída de lá, o Maranhão pela situação geográfica, pelas questões geopolíticas pela possibilidade concreta, impediria esse meu desenvolvimento, que uma UNICAMP, que o estado de São Paulo permitiu mas tenho um carinho enorme, uma relação de amor muito grande como Maranhão jamais; é o meu lar por opção durante uma época da minha vida se eu nasci em São Paulo e não pude optar por isso, ainda pelo Maranhão em minha permanência lá, foi uma opção muito importante e tem mais valor do que o lugar onde eu nasci, esse meu segundo nascimento eu creio que foi em São Luís do Maranhão, tenho dois filhos maranhenses que jamais permitirão que eu esqueça disso e amigos que como você estão lá, de maranhense de nascimento que estão lá, que jamais permitam que eu esqueça, não que eu queira, mas que eu esqueça dessa minha relação com o Maranhão.
L – Mas alguma coisa a acrescentar ?
Li – Não, ei acho que nessa rápida conversa até por conta dos outros compromissos, traduz um pouco do que foi a minha passagem de 10 anos no Maranhão me ????? do Maranhão em 86, chego em 76, uma década fundamental da minha trajetória de gente, da minha trajetória profissional e acadêmica, devo muito ao Maranhão, provavelmente de mais do que a ele, do que ele a mim, não tenho dúvidas disso.
L – Muito obrigado, encerrando às 18:52 hs.