Resumo
Resumo: No Brasil, os indígenas têm reconhecidos suas formas próprias de organização sociocultual, tradições, conhecimentos e processos de constituição de saberes e transmissão cultural. A extensão desses direitos no campo educacional gerou a possibilidade de os indígenas se apropriarem da instituição escolar, atribuindo-lhe traços identitários e funcionalidades peculiares. Diante do contexto de ambivalências a pesquisa etnográfica buscou compreender as apropriações do componente curricular Educação Física pela Escola Indígena Korogedo Paru, localizada na Aldeia Córrego Grande, entre os municípios matogrossenses Santo Antônio de Leverger e Rondonópolis. As questões problematizadoras que guiaram o estudo foram: como a Educação Física se estabelece na escola indígena? Como a Educação Física opera com a proposta de ensino diferenciado que aponta para uma educação intercultural? O objetivo da pesquisa foi analisar a Educação Física no âmbito da escola indígena, diante da proposta de educação intercultural. Considerando a prática pedagógica da Educação Física na escola indígena, a partir do contexto ambivalente entre tradição e modernidade buscou-se: a) compreender a Educação Física no contexto da escola indígena; b) analisar as aulas de Educação Física e os conteúdos trabalhados e c) analisar as relações entre a escola e seus atores e deles com a Educação Física. A pesquisa utilizou um referencial teórico advindo de autores como Cifford Geertz (1989), Georges Balandier (1997), Anthony Giddens (2001) e Marcel Mauss (2003) para guiar as discussões e consubstanciar as hipóteses e teses. Chegou-se à compreensão de que a Educação Física na Escola Indígena Korogedo Paru está imersa num processo dinâmico, próprio do momento atual da modernidade, que a coloca entre o NA e o DA instituição. Esse é um panorama de transição e instabilidade já que a Educação Física está posta como componente curricular que é apropriado e ressignificado pelos Bororo de acordo com a sua dinâmica cultural. Isso significa que a Aldeia Córrego Grande está construindo processualmente sua apropriação em torno da Educação Física: 1) transplantou-se um modelo de Educação Física e elementos advindos da sociedade não indígena para o âmago da Aldeia e de uma escola engessada burocraticamente; 2) A escola sofreu muitas mudanças, de âmbito nacional, decorrentes de reivindicações indígenas na direção de uma instituição flexível e propriamente gerida por indígenas; 3) A escola, em seu novo formato intercultural, tendo como gestores protagonistas indígenas mantém o componente curricular Educação Física em sua estrutura. Foi possível observar a Educação Física NA Escola Indígena, mas com ainda mais nitidez a Educação Física DA Escola Indígena