Educação Física na Educação do Campo: possibilidades de um currículo multicultural numa escola de assentamento

Parte de Educação e diversidade cultural no Brasil: ensaios e práticas . páginas 9

Resumo

 Introdução

A presença populacional no campo é bastante expressiva no Estado do Mato Grosso. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010 indicam que 34% das famílias residem em zonas rurais. Trata-se de um contingente que não tem sido atendido de forma satisfatória nas mais diversas demandas, entre elas, a educação escolarizada. E, ao que tudo indica, quando o serviço está disponível, é realizado de forma insatisfatória. O estudo de Damasceno e Beserra (2004), por exemplo, denuncia a discrepância entre a educação ofertada e a idealizada pelos trabalhadores rurais, mediante o questionamento da possível neutralidade científica do projeto oficial.  

Uma das incoerências que historicamente povoam a Educação do Campo é o currículo de Educação Física comumente adotado. O que se vê é a eleição do exercício físico ou do esporte como objetos de ensino. Ora, sabemos que currículos assim formatados atuam na disseminação de significados pertencentes aos grupos sociais privilegiados, o que contribui para subjugar a cultura corporal1 dos setores minoritários, regulando corpos e moldando identidades. Inversamente ao desejável, as aulas baseadas na fixação da gestualidade das práticas corporais hegemônicas não proporcionam a reflexão acerca das experiências dos estudantes, tampouco contribuem para uma análise do repertório existente. 

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