Resumo
A investigação tem por objetivo propor pensar coletivo para a implementação de uma rotina que promova as experiências de movimento corporal das crianças no CMEI ―Tio Leandro‖, Serra, ES. Percebemos que no ambiente institucional pensado para as crianças predomina a hierarquia de necessidades e interesses das professoras, dos gestores do sistema, das famílias, da instituição em suma dos adultos -, enquanto as necessidades e os interesses das crianças seguem sendo protelados, deixados para depois. Para tanto reunimo-nos com o grupo dirigente do CMEI para apresentar a investigação e dizer do nosso intuito de realizar a investigação no bojo da programação formativa em serviço. Planejamos um ciclo de discussões coletivas para tratar os temas: 1. Rotinas no CMEI; 2. Experiências de Movimento Corporal das Crianças; 3. Relações Socioprofissionais no CMEI. Das necessidades surgidas nos momentos de discussão coletiva, propusemos e aplicamos um questionário reflexivo, objetivando gerar melhor compreensão e aprofundamento das ideias surgidas nas discussões coletivas. Das repostas dos onze questionários reflexivos que recolhemos, elaborarmos novas questões e as utilizamos em entrevistas individuais com elas, a fim de elucidar qualquer duvida que surgisse dos momentos anteriores de coleta de informações empíricos. Ao analisarmos as informações colhidas, buscamos perspectivar do grupo dirigente, no sentido de melhor compreender suas compreensões (SARMENTO, 2003), conceitos, modos de fazer acercado que estava sendo proposto. Conseguimos mostrar que as professoras compreendem a importância do movimento corporal no desenvolvimento e na educação das crianças e que elas, as crianças, além de vivenciarem as experiências de movimento corporal do modo como é proposto pelas professoras poderiam vivenciá-las à sua maneira, pois têm direito de experienciar os sentidos de mover a si. Compreendemos que as experiências de mover a si das crianças são interditadas e que, dentro do modelo de rotina imposto, atipicidades que acontecem no dia a dia reforçam a cultura de interdição das experiências de movimento corporal das crianças. Constatamos que elas compreendem que, ao vivenciar a rotina de trabalhos educativos e na interação com os sujeitos da instituição (professoras, responsáveis, corpo técnico pedagógico, demais funcionários e crianças), as professoras tendem a formar uma identidade específica das docentes que trabalham em instituições de educação infantil. Defendemos que as relações socioprofissionais têm de ser pensadas e vivenciadas de forma prazerosa e positiva para fortalecer essa identidade docente, pois essas relações e essa identidade docente insidem diretamente sobre as possibilidades de ressignificar a rotina e de promover as experiências de movimento corporal das crianças como um importante fundamento do trabalho coletivo que as professoras diariamente realizam. Concluímos que as percepções do grupo dirigente do CMEI ―Tio Leandro‖ corroboram com a ideia de construção de uma rotina que valorize as experiências de movimento corporal das crianças. Mas, para tal ideia virar virara atitude, consideramos necessário estabelecer momentos de replanejamento da rotina, guardar tempo para continuar a discutir a importância das crianças viverem suas experiências de movimento corporal na rotina do CMEI, socializar as ideias surgidas no grupo com as famílias e com os gestores do sistema.