Resumo

A superação da crise de identidade da Educação Física demanda um estudo tríplice que proceda, paralelamente: a reconstituição do seu conceito de corpo, superando a visão atomística e mecânica em busca da unicidade do ser; a transcodificação do caráter histórico e processual que o corpo assume na sua relação ideológica com os princípios axiológicos estruturais da sociedade capitalista, e; por último, a construção, a partir do referencial teórico formado pelas etapas anteriores, de uma nova postura paradigmática de investigação da corporal idade. O caráter indissociável da existência humana se evidencia pela elucidação da interação recíproca estabelecida entre o pensamento, o sentimento e o movimento. Recorre-se à análise do papel desempenhada pela sensório-motricidade no desenvolvimento das estruturas cognitivas da criança (Piaget) ©, à explicitação da influência da variável tônico-emocional no processo de apreensão do real pela criança (Wallon), com o intuito de contrapor uma visão dialética do homem ao dualismo maniqueísta que marca a ciência ocidental, A construção social, e portanto, ideológico do corpo, ao apontar para sua condição de objeto de dominação, requer a identificação dos elementos de poder próprios à III institucionalização do corpo pela Educação Física, na medida que transmite um sistema de idéias, sentimentos e hábitos relativos ao corpo que ditam maneiras de agir e consumir, posturas de ser e pensar. Respaldado por esses pressupostos conceituais, empreende-se a análise histórica e documental do currículo do curso de Educação Física, verificando a concepção de homem que permeia a formação teórica do seu profissional, e, diagnosticando os diferentes interesses associados à sua prática. A Educação Física, frente a este conjunto de questionamentos, deve adotar novo paradigma dialético, que reconfigure o universo de saberes que a compõe, dotando-a de consistência e maturidade científica.

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