Resumo

No contexto do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a luta pela conquista da terra e por outros valores culturais, sociais e políticos, o tem colocado em relações com diferentes expressões de violências. Por sua vez, na Saúde Coletiva as violências têm se apresentado como objeto de estudo na medida em que representam ameaça à vida e provocam morte como realidade ou possibilidade próxima. Alheias a esses fatos, as hegemonias da Educação Física (EF) relacionadas a saúde não costumam incluí-Ias em suas elaborações. Portanto, com vistas a melhor compreender esse fenômeno no MST e gerar possibilidades de aproximação entre EF e Saúde Coletiva para sua superação, pode-se empreender observação participante a partir do envolvimento com trabalhos do Estágio Especial de Prática de Ensino desenvolvidos pelos cursos de EF e Pedagogia da Universidade Federal de Santa Catarina, sendo observadas quatro circunstâncias (campos de pesquisa) e utilizados diferentes recursos para geração de dados. Tendo se expressado o conceito-chave luta como central nas relações entre MST e violências, os resultados apontam para os seguintes elementos: i) há diferentes formas de expressões de violências vivenciadas pelo MST em suas relações com a sociedade e nas contradições internas; ii) o Movimento as percebe e as enfrenta através principalmente de seu projeto políticopedagógico de formação de militantes; iii) as bases teórico-metodológicas da EF relacionada a saúde hegemônicas são insuficientes para subsidiar abordagens críticas que permitam avanços sobre as violências; iv) a EF, em suas vertentes críticas, reúne subsídios teóricos e experiências práticas consolidadas para o tratamento das violências, muitas inseridas na proposta desenvolvida pelo Estágio Especial da UFSC e v) há convergências que permitem aproximação entre EF e Saúde Coletiva para atuar sobre as violências, inclusive no projeto social do MST realizado em Fraiburgo, SC. Quanto a este último aspecto, como conclusões, são apresentados princípios que podem orientar avanços para esta aproximação, que passam por incorporar temas e abordagens pela EF que articulem o biológico com o social; superem a noção tradicional do enfoque de risco (pelo entendimento de processo e dinamismo da realidade); e pela dedicação ao esclarecimento para autonomia perante a clareza de projeto de sociedade que se visa construir 

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