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INTRODUÇÃO:

A saúde tem sido cada vez mais objeto de atenção de diferentes áreas. Problemas relacionados à violência, ao ambiente, ao modo de trabalho, às desigualdades sociais determinam uma concepção ampliada de saúde, para além do aspecto biológico e da ação médica, na dimensão conceitual e na da intervenção. Nesse sentido, a busca pelas práticas corporais como caminhada, ginástica, lutas, yoga, dança, entre outras, passam a fazer parte das possibilidades relativas aos cuidados para com a saúde. E daí questionamos: de que forma a Educação Física tem dialogado com a saúde e como intervém na área, particularmente nos serviços públicos de saúde? Neste estudo tratamos este tema a partir das experiências daqueles que estão inseridos formalmente no SUS e convivem com a realidade do serviço, atuando no sentido de contribuir para a melhoria das condições de saúde dos usuários. O objetivo foi verificar como os profissionais de saúde inseridos no Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa (CSE) - USP avaliam o profissional de Educação Física no serviço público de saúde.


METODOLOGIA:

Nesse trabalho realizamos pesquisa qualitativa, na qual foram entrevistados nove profissionais vinculados ao CSE da USP que compunham o grupo técnico administrativo (GTA). Este grupo agrega representantes dos diferentes setores do referido serviço. A amostra ficou constituída por: quatro enfermeiras, duas médicas, uma pedagoga, uma terapeuta ocupacional e um supervisor de administração. As entrevistas foram abertas e a pergunta dirigida foi: o que você acha da possível participação do profissional de Educação Física no serviço público de saúde? Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas literalmente para identificação e análise dos resultados.


 RESULTADOS:

De modo geral, todos os entrevistados se mostraram favoráveis à participação do profissional de Educação Física no serviço público de saúde. As justificativas estavam relacionadas principalmente ao aumento das doenças crônico-degenerativas e à associação entre cuidados contínuos que essas doenças exigem das pessoas e contribuições das ações e conteúdos específicos da Educação Física. Destacaram a importância desse profissional nas unidades tanto por fortalecer as orientações de outros profissionais, no sentido das pessoas incluírem as práticas corporais no seu cotidiano, como por favorecer o acesso às práticas e orientações para aqueles que não podem pagar um professor, ou uma academia. Além disso, chamaram a atenção para a possibilidade do referido profissional ampliar a visão relativa à saúde e ao cuidado com o corpo saudável via o trabalho intersetorial e interdisciplinar.


 CONCLUSÕES:

Com base nos resultados, foi possível considerar que os profissionais presentes no Centro de Saúde onde se realizou a pesquisa estabelecem uma relação direta entre Educação Física e as demandas do serviço. Há destaque para alguns setores como o de saúde do adulto e o de saúde mental. É claro que diferentes aspectos e, de maneira particular, a formação profissional, precisam ser revistos para que a intervenção da Educação Física nos serviços públicos de saúde se estreite e tenha sentido no conjunto dos trabalhos e das outras profissões que atuam em tais espaços. Isso é necessário porque, apesar do discurso dominante na Educação Física brasileira valorizar a saúde, paradoxalmente, poucos são os graduados que atuam voltados para o público, o coletivo e o social. Nesse sentido, é relevante desenvolver propostas que aproximem o profissional específico, o serviço público de saúde e a comunidade.