Efeito da Actividade Física na Memória Visuo-motora em Doentes com Esclerose Múltipla: Um Estudo de Caso
Por Carmen Silvia da Silva Martini (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
A esclerose múltipla (EM) é uma patologia de degeneração neurológica, por
inflamação e desmielinização do sistema nervoso central (SNC) e esclerose glial.
PACHNER (2005) explica ser uma doença dinâmica com manifestação intensa dos
sintomas por longos períodos, definindo-a como "... an idiopathic inflammatory
disease of the central nervous system, characterized by an unpredictable course, but
generally progression of disability over 1-3 decades" (p.1). Sua evolução é variável e
imprevisível, com cursos distintos em quatro tipos da doença: surto-remissão ou
remitente-recorrente, progressiva-secundária, progressiva-primária e progressivarecorrente, afectando o adulto jovem (20 e 40 anos de idade), com maior incidência
no sexo feminino (2 para 1) em indivíduos caucasóides. Em Portugal a prevalência
é de 55/100000 habitantes, e no Brasil, as taxas apontam para 5/100000 habitantes
(MOREIRA et al., 2000). Na nossa pesquisa, tivemos como objectivo estudar os efeitos
induzidos por um programa de actividade física sistematizada (3 sessões/semana de
90´) num grupo de adultos (N=10), idade (M=40.2) de doentes de EM, sendo 7
mulheres e 3 homens, todos eles avaliados segundo a escala de Kurtzke (EDSS). No
nosso estudo utilizámos 2 questionários para avaliar a autoestima (Rosenberg SelfEsteem Scale, 1965) e a satisfação com a imagem corporal (Body Image Satisfaction
Questionaire de LUTTER et al., 1990) e foi realizado o teste de memória visuo-motora
(TMVm), adaptado de THINUS-BLANC et al. (1996) (cf. SOBRINHO, 2004; AZEVEDO,
2005), antes e após a actividade física. Assim, os resultados obtidos mostram-nos
uma melhoria pós prática (ainda que os resultados não sejam significativos
estatisticamente: tempo de execução z=-.15, p=.87; erros cometidos z=-.05, p=.95)
sucedendo modificações comportamentais no tocante à memória visuo-motora,
assim evidenciando aumento em termos de aprendizagem e reestrututação do traço
mnésico. Na comparação intragrupal, a amostra foi distribuída em quatro intervalos
de percentis em função do tempo de desempenho da tarefa, verificando-se no
segundo teste um número de doentes (80%) com valores superiores ao primeiro
(60%). Assim, é possível dizer que " ... a prática da actividade física pode levar a
novas aprendizagens, sejam motoras ou cognitivas, permitindo a melhoria da
capacidade mnésica (memorização), favorecendo o aumento de conecções neuronais
que podem amenizar as habilidades atenuadas pela doença" (MARTINI & BOTELHO,
2005, p.2)