Efeito agudo da terapia de consciência corporal na modulação autonômica cardíaca de sobreviventes de câncer de mama
Por Mariana R. Palma (Autor), Cristina E.P.T. Fregonesi (Autor), Fernanda E. Ribeiro (Autor), Alessandra M. Mantovani (Autor), Mariane F.S. Araujo (Autor).
Em VI Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
O câncer de mama tem alta incidência entre as mulheres e é a causa mais comum de morte nesta população. Mulheres sobreviventes de câncer de mama têm apresentado, além de comprometimentos físicos e emocionais, disfunções na modulação autonômica após tratamentos de combate a doença. Terapias mente-corpo como a terapia de consciência corporal (TCC), têm mostrado benefícios nos âmbitos físicos e emocionais de diferentes condições clínicas, porém ainda são incipientes os efeitos da aplicação desta técnica sobre a modulação autonômica nesta população. OBJETIVO: Analisar os efeitos agudos de uma sessão de TCC sobre a modulação autonômica cardíaca de mulheres sobreviventes de câncer de mama, por meio de índices da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) no domínio do tempo. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Processo n° 046982/2014). Dezesseis mulheres com faixa etária média de 50,1 ± 1,9 anos, no período de 2 meses a 2 anos de pósoperatório, foram submetidas a uma sessão de TCC. A VFC foi avaliada 30 minutos antes e 30 minutos após a intervenção, com a participante em decúbito dorsal, em repouso. A sessão de TCC teve duração de 40 minutos, foi realizada individualmente em sala silenciosa, climatizada e com pouca luminosidade. A consciência corporal realizada neste estudo foi baseada em métodos de trabalhos corporais idealizados por Roxendal e Serge Peyrot. As participantes permaneceram com a atenção voltada para sua percepção corporal global, equilíbrio e posicionamento e foram orientadas a manter respiração diafragmática durante toda a sessão. O comando verbal da TCC foi feito de maneira pausada para que pudessem sentir as partes do seu corpo e se inter-relacionarem com as mesmas. Os índices analisados no domínio do tempo foram RMSSD e SDNN em milissegundos (ms). Para análise estatística, os valores foram testados quanto a normalidade por meio do teste de Shapiro-Wilk. Foi aplicado o teste t de student para dados pareados. O programa estatístico utilizado foi o SPSS Statistics 17.0 e o nível de significância adotado foi de p < 0,05. RESULTADOS: A TCC promoveu aumento significativo em SDNN (Antes = 30,0 ± 10,1 ms; Depois = 45,5 ± 14,2 ms; p < 0,001) e RMSSD (Antes = 19,7 ± 8,8 ms; Depois = 29,86 ± 13,3 ms; p < 0,001). CONCLUSÃO: Os índices lineares da VFC no domínio do tempo puderam predizer melhora na modulação autonômica, com aumento na atividade vagal e variabilidade global de mulheres sobreviventes de câncer de mama submetidas a uma sessão de TCC. Por se tratar de uma técnica segura e de baixo custo, deve ser incentivada como alternativa de tratamento para alterações autonômicas que mulheres apresentam após o câncer de mama.