Resumo

Introdução: O melanoma cutâneo (MC) é um tipo de câncer que corresponde a 30% de todos os tumores registrados no Brasil, e apresenta alto risco de metástase. Uma parcela dos pacientes com MC manifesta uma síndrome paraneoplásica conhecida como caquexia, que promove uma consumação física significativa, resultando em pior sobrevida. Evidências recentes têm mostrado que o treinamento resistido em indivíduos acometidos com câncer associados à caquexia pode promover um acréscimo substancial da massa muscular e, conseqüentemente, melhorara força e a potência musculares. Objetivo: Analisar o efeito crônico de curto prazo do treinamento resistido no aumento da força muscular de camundongos C57Bl/6 com caquexia associada ao MC experimental. Materiais e Métodos: Foi realizado um modelo singênico de MC, com inoculação de 5x105 células de MC murino B16-F10na região subcutânea dorsal dos camundongos C57Bl/6. Os animais foram divididos em grupo controle (n=8) e grupo experimental (n=6). O grupo experimental realizou cinco sessões de exercício resistido com uso de uma escada com 110 cm de altura, 18 cm de largura, 2 cm entre os degraus e 80 graus de inclinação. Foram realizadas seis séries de oito repetições com 90 segundos de intervalo entre as séries. O treinamento foi realizado a partir da identificação de caquexia (redução superior a 5% do peso corporal). A mensuração da força muscular (FM) relativa e absoluta das quatro patas foi realizada por meio de um medidor de força de tração muscular (Marca Bonther). A avaliação inicial da FM ocorreu nos 10º e 16º dias após a inoculação das células tumorais. O teste t de Student independente foi realizado para comparar a diferença pós - pré (delta)da variável dependente e o nível de significância foi estabelecido em p ≤ 0,05. Em complemento, utilizou-se o cálculo do Tamanho do Efeito (TE, Cohen’s d).Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa e bem-estar animal da Universidade Estadual de Montes Claros(parecer 131/2017). Resultados: Na FM absoluta o valor médio do delta foi -9,0±18,7 e 12,8±30,5 nos grupos controle e experimental, respectivamente, porém, sem diferença significativa(p=0,162). Na FM relativa o valor do delta foi de -0,9±1,5 e 0,3±1,4 nos grupos controle e experimental, respectivamente, sem significância (p=0,123). O TE para a FM absoluta foi de 0,20 (pequeno), enquanto para a FM relativa foi de 0,8 (grande). Conclusão: Apesar da ausência de diferença significativa entre os grupos, o treinamento resistido mostrou um efeito pequeno sobre a FM absoluta e grande sobre a FM relativa, o que mostra uma perspectiva positiva para a continuidade das pesquisas com o objetivo de investigar o efeito do treinamento de força no câncer.