Resumo

Introdução: O treinamento de força (TF) é considerado a maneira mais eficiente de se produzir mudanças positivas no sistema musculoesquelético. Tendo em vista que a eletromiografia de superfície é uma técnica útil para a identificação de modificações no desempenho muscular, é possível que o TF aliado à redução do fluxo sanguíneo possa promover melhora na resistência muscular localizada, na força e na fadiga, sendo analisado por meio do eletromiograma de superfície (EMGs). Objetivo: Analisar o efeito crônico do treinamento de força (TF) com restrição de fluxo sanguíneo (RFS) sobre os níveis de resistência muscular localizada (RML), da força e da fadiga nos músculos extensores do joelho. Materiais e métodos: Estudo com desenho experimental, amostra de adultos jovens (n=42), ambos os gêneros (18 a 30 anos), randomizados em cinco grupos: alta intensidade (AI), baixa intensidade com restrição de fluxo sanguíneo (BI+RFS), alta intensidade combinado com baixa intensidade com restrição de fluxo (COMB), baixa intensidade (BI) e controle (CONT). Os indivíduos realizaram seis semanas de TF, 2x/semana, com séries até a falha concêntrica. A RML, o teste de 1RM e a ativação muscular foram avaliados antes, durante (fim da 2ª e 4ª semana) e após o programa. Eletrodos foram colocados no ventre muscular em três músculos do quadríceps femoral: o reto femoral (RF), o vasto lateral (VL) e o vasto medial (VM). Os dados foram tratados no software SPSS 20.0. O tamanho do efeito foi utilizado para verificar a magnitude das mudanças entre os grupos do estudo e foi utilizada a variação percentual (Δ%), para expressar as possíveis diferenças entre a primeira (pré-teste) e a quarta avaliação (6ª semana=Pós-teste). Análise de variância de medidas repetidas [5 x 4; grupos(AI vs BI+OV vs COMB vs BI vs CONT) X tempo (pré-teste vs 2ª semana vs 4ª semana vs 6ª semana)] seguido de teste post hoc de Tukey foi utilizada para avaliar o efeito do treinamento para todas as variáveis dependentes. O nível de significância adotado foi P < 0,05. Resultados: a variação da RML aumentou em todos os protocolos de exercício (AI=47,8%; BI+RFS= 53,5%; COMB= 39,4%; BI=39,1%); a força mostrou diferença significante entre BI+RFS e CONT ao término da 4ª semana (P=0,023) e COMB vs CONT ao término da 2ª e 6ª semanas (P=0,036; P=0,032, respectivamente); e no COMB houve diferença significante entre as avaliações pré e 6ª semana (P=0,027, Δ=17,4%). Na RMS houve diferenças significantes nos cinco grupos entre as avaliações, e diferenças significantes no grupo AI entre a 2ª e 4ª semana (P=0,002; Δ=51,2%) e entre 2ª e 6ª semana (P=0,002; Δ=56,2%). A Fmed mostrou diferença significante entre AI e BI+RFS ao término da 2ª semana (P=0,001). Conclusão: O presente estudo permitiu concluir que o TF com e sem RFS foi eficaz no aumento da RML e da força muscular porém, não reduziu a fadiga dos músculos extensores do joelho após 6 semanas de treinamento. Sendo assim, é importante que se conduzam novos experimentos que analisem a RML e a fadiga sob aspectos fisiológicos e bioquímicos, de maneira aguda e crônica, sobretudo envolvendo diferentes sujeitos, exercícios e intensidades.

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