Resumo

Os efeitos estimulantes da cafeína e a sua capacidade ergogênica no desempenho físico vêm sendo amplamente investigados, mas os resultados são divergentes. Estudos recentes buscam elucidar os possíveis mecanismos neurofisiológicos, psicológicos e hormonais da cafeína. Objetivo: verificar de forma exploratória os efeitos da ingestão de cafeína nos aspectos psicológicos, eletroencefalográficos e endócrinos associados ao desempenho de triatletas em um teste de contra-relógio (CR) de 20 km em bicicleta de ciclismo. Métodos: em um estudo duplo-cego randomizado, treze triatletas (idade 31,85 ± 4,54, massa corporal 74,29 ± 7,42, VO2máx 54,45 ± 10,39 ml/Kg-1/min-1) consumiram 6mg/Kg-1 de cafeína ou placebo (percebido como cafeína) e realizaram um CR de 20 km, distância total dividida em quatro voltas de 5 km. Resultados: não houve diferença significativa no desempenho avaliado através da potência média final e do tempo final de execução do CR entre as duas condições. A condição cafeína apresentou maior Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) e sensação de desprazer, porém não apresentou nenhuma diferença relacionada à ansiedade. Na análise do modelo circumplexo, de forma independente da condição, ao comparar o final de uma volta com o início da volta subsequente, com mesmo nível de dificuldade, verificou-se que os atletas apresentavam melhora da sensação ao iniciar uma nova volta. Na análise eletroencefalográfica houve diminuição da potência absoluta de alfa apenas no hemisfério direito na condição cafeína. Os níveis de cortisol aumentaram após o CR de forma independente da condição. Apesar da cafeína não ter influenciado o desempenho final no CR de 20 km, os triatletas que administraram cafeína foram capazes de produzir maior potência na primeira volta do CR (2,5km). Conclusão: a cafeína não apresentou efeitos benéficos para o desempenho final (20 Km), nem para as variáveis eletroencefalográficas e neuroendócrinas.

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