Resumo

Prejuízos na massa e força musculares, alterações morfológicas e comprometimentos do desempenho físico são comumente observados no processo de envelhecimento e também em algumas patologias, como o câncer de mama. Tais déficits podem ser melhorados com a prática de exercício físico, em especial, o treinamento de força (TF). Porém, é comum sobreviventes de câncer de mama (SCM) relatarem fadiga (sensação e desempenho), comprometendo a realização das atividades diárias, piorando a qualidade de vida. Não é certo se a fadiga modera adaptações do TF em SCM. Para esclarecer esta lacuna, foi rea-lizado um ensaio clínico com 28 SCM (grupo fadiga - n 15/ grupo sem fadiga - n 13), de 37 a 73 anos, que realizaram 12 semanas de TF. A fadiga (sensação) foi avaliada pelo questionário The Fatigue Cancer Scale e a fadiga (desempenho) foi avaliada por contra-ções isométricas voluntárias máximas (CIVM), para calcular o toque crítico e w’. Foram avaliadas medidas de massa (área de secção transversa do vasto lateral - AST) e função muscular (força dinâmica e isométrica, perfil força-velocidade) e desempenho físico (teste sentar e levantar da cadeira - TSL, Timed Up and Go - TUG e teste de caminhada de 400m) antes e após a intervenção. Foi realizada análise descritiva para caracterizar a amostra, Modelo Linear Generalizado para avaliar o efeito da intervenção e teste t inde-pendente para calcular volume total, cargas, repetições e frequência médias. Nossos re-sultados mostraram redução da fadiga (sensação) em ambos os grupos, independemente do nível de fadiga relatado no início da intervenção (p 0,022). Para a fadiga de desempe-nho, houve aumento do torque crítico (p 0,022) e da média das 60 contrações (p 0,056). Observamos aumento da força para 1RM (p 0,001), F0 (p 0,001), isométrica (p 0,002) e melhora no TSL (p 0,007). Além disso, ambos os grupos aumentaram AST (p 0,016) e velocidade de marcha (p 0,003). Houve aumento da potência máxima (p 0,029) e redução da força de preensão manual (p 0,039) no grupo fadiga. Embora a frequência tenha sido menor no grupo fadiga (p 0,038), o volume foi equalizado em ambos os grupos. Conclu-ímos que a fadiga não modera as adaptações do TF em SCM.

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