Efeito da inferioridade e superioridade numérica fixa em jogos reduzidos e condicionados no desempenho técnico-tático de jogadores de futebol
Por LF Freitas (Autor), PV Moreira (Autor), MPF Silvino (Autor), F Moniz (Autor).
Resumo
Os jogos reduzidos e condicionados (JRC) possibilitam aos jogadores realizar ações em contexto imprevisível, aleatório e dinâmico. Especificamente, a criação de superioridade e inferioridade numérica fixa é frequentemente utilizada pelos treinadores. Embora os estudos demonstrem a modificação do comportamento tático em superioridade e inferioridade numérica fixa, não está bem esclarecido como ela se relaciona com o desempenho técnico-tático dos jogadores.
Objetivo: Verificar o efeito da inferioridade e superioridade numérica fixa em jogos reduzidos e condicionados sobre o desempenho técnico-tático de jogadores de futebol.
Metodologia: Foram avaliados 36 jogadores (14,61 ± 1,66 anos) oriundos das categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17 de uma única equipe de futebol, participando regularmente de competições estaduais e de treinamentos cinco vezes por semana. Os jogadores atuavam nos estatutos posicionais: defensor, meio- campista e atacante, com exceção do goleiro, que não foi incluído na avaliação. Os jogadores foram divididos em três grupos de quatro equipes, com três jogadores cada, com seu respectivo goleiro, atuando em JCR de quatro minutos no sistema de campeonato, realizado em campo de grama natural, com as dimensões de 36 x 27 m, seguindo as regras básicas do jogo. O desempenho técnico-tático dos jogadores foi avaliado através do Team Sports Performance Assessment (TSAP). O TSAP é composto por seis parâmetros agrupados em duas categorias: forma com que o jogador tem a posse da bola e forma com que o jogador se dispõe da bola. A primeira categoria é composta por dois parâmetros: bolas conquistadas e bolas recebidas. A segunda é composta pelos outros quatro parâmetros: passe neutro, perda da bola, passe ofensivo e finalização ao gol. Os dados foram obtidos através de testes de medidas repetidas. Além disso, utilizou-se o effect size para verificar a magnitude da diferença em cada jogo reduzido e condicionado.
Resultados: Na inferioridade numérica fixa, os jogadores apresentaram valores significativamente menores nas variáveis bolas recebidas (14,5 ± 4,93; p<,004), bolas neutras (9,63 ± 3,71; p<,049), ações ofensivas (4,88 ± 2,47; p<,009), volume de jogo (24,16 ± 6,33; p<,009) e desempenho (22,33 ± 5,82; p<,032) do que na igualdade numérica. Na superioridade numérica fixa, os jogadores apresentaram valores significativamente menores nas variáveis bolas recebidas (14,22 ± 5,98; p<,008), bolas neutras (8,41 ± 4,15; p<,003), bolas perdidas 8,55 ± 3,18; p<,005) e volume de jogo (23,55 ± 6,2; p<.008) e valores significativamente maiores na variável passe ofensivo (5 ± 2,66; p<,019).
Conclusão: Os jogadores modificaram as ações técnico-táticas de acordo com os constrangimentos da tarefa. Contudo, apenas a inferioridade numérica modificou o desempenho dos jogadores. Dessa forma, o constrangimento da tarefa de inferioridade numérica apresentou dificuldades e desvantagens que afetaram o desempenho dos jogadores. No entanto, a vantagem de se jogar com um jogador a mais não melhorou o desempenho dos jogadores.