Resumo
Atletas profissionais e praticantes de exercícios físicos buscam constantemente melhorar a performance esportiva. Por isso, treinadores e pesquisadores investigam frequentemente recursos para atenuar a fadiga muscular envolvida no exercício e consequentemente melhorar o desempenho. Dentre os recursos utilizados, a cafeína e a hipnose parecem recursos interessantes para melhorar a performance e atenuar a fadiga muscular. Entretanto, seus mecanismos de ação permanecem incertos. Nesse sentido, o presente pesquisa foi separada em 2 estudos e teve como objetivos: a) Analisar os efeitos da ingestão de cafeína em goma na performance e nas propriedades neuromusculares dos músculos extensores do joelho; b) Analisar os efeitos da Hipnose na fadiga, na excitabilidade corticospinal e na função neuromuscular dos músculos extensores do joelho. Para analisar os efeitos da cafeína na performance de corrida na intensidade do delta 50%, 12 atletas (31,3 ± 6,4 anos; 70,5 ± 6,6 kg; 175,2 ± 6,2 cm; 9,4 ± 2,7% %G; VO2max = 62,0 ± 4,2 ml·kg-1·min-1) moderadamente treinados participaram do estudo. Para tanto, os atletas realizaram um teste incremental em esteira rolante e dois testes randomizados de tempo de exaustão (15,4 ± 0,7 km.h-1) na condição placebo e cafeína (300 mg). Medidas neuromusculares dos músculo extensores do joelho foram avaliadas por meio da estimulação elétrica antes e imediatamente após os testes para quantificar a fadiga neuromuscular dos músculos extensores do joelho. Os resultados encontrados mostraram um aumento de 18% (p <0,01) no tempo de exaustão em comparação com a condição placebo. Em relação às respostas neuromusculares, verificou-se uma redução significativa da contração voluntária máxima e dos parâmetros de fadiga central e periférica (CVM, peak twitch, AV%) mensurados, entretanto não foi encontrada diferença significativa entre ambas as condições. Dessa forma, podemos concluir que que a cafeína em goma melhorou a tolerância ao exercício com o mesmo comprometimento neuromuscular nas condições placebo e cafeína. Por outro lado, para analisar os efeitos da hipnose no tempo de exaustão e nas respostas neuromusculares, treze sujeitos (8 homenas e 5 mulheres, 27 ± 3 anos, 174 ± 9 cm e 70 ± 14 kg) saudáveis e fisicamente ativos participaram do estudo. Os sujeitos realizaram um tempo de exaustão em uma intensidade correspondente a 20% da contração voluntária máxima na condição de hipnose e controle. Medidas neuromusculares obtidas com a estimulação elétrica (CVM, doublet force, AV%) e estimulação magnética transcraniana (MEP, SICI) foram mensuradas antes e após a hipnose e ao longo do tempo de exaustão. Nossos resultados mostraram que a hipnose não induziu qualquer alteração na força dos extensores do joelho e na excitabilidade corticospinal medida antes e após a hipnose. Em relação ao tempo de exaustão, não foi encontrada diferença significativa entre ambas as condições. O tempo de exaustão induziu uma redução na força dos extensores do joelho, no entanto não foi encontrado efeito significativo da hipnose sobre as propriedades neuromusculares e excitabilidade corticospinal medida durante e após o exercício. Por fim, podemos concluir que a hipnose não foi capaz de induzir qualquer efeito sobre as propriedades neuromusculares e atenuar a fadiga.