Resumo

Introdução: Quando avaliamos uma experiência retrospectivamente, poucos momentos são selecionados para o nosso julgamento, sendo eles o momento mais intenso e o final da experiência, a duração da experiência não exerce influencia, esse fenômeno é conhecido como regra do pico-fim. Durante o exercício físico, as sensações de prazer e desprazer oscilam ao longo do tempo, e há uma relação entre intensidade do exercício com essas respostas. Entretanto, nenhum estudo explorou a regra do pico-fim no exercício intermitente de alta intensidade (EIAI). Objetivo: O objetivo do presente estudo foi avaliar a regra do pico-fim no EIAI. Métodos: Trinta homens insuficientemente ativos (27,9 ± 5,2 anos) se voluntariaram para participar do estudo. No primeiro dia eles preencheram o questionário de preferência e tolerância da intensidade do exercício e realizaram um teste progressivo até a exaustão em ciclo-ergômetro para determinar a potência aeróbia máxima (PAM), no segundo e terceiro dia, os voluntários realizaram 2 protocolos de EIAI em ordem aleatória: EIAI curto: 20 min de EIAI, composto por 30 s de esforço à 100% da PAM, intercalados por 30 s de recuperação passiva; EIAI longo: Os mesmos 20 min iniciais do EIAI curto, com 10 min adicionais de EIAI, com queda de 3% da PAM em cada fase de esforço, resultando em 70% da PAM na última fase de esforço. Durante o exercício, a percepção subjetiva de esforço (PSE) a frequência cardíaca (FC) e o afeto foram registradas. Trinta minutos após o exercício, o enjoyment, a avaliação global de afeto (GAE) e a PSE-sessão foram registradas. Na quarta e última sessão do estudo os voluntários escolheram um dos protocolos de EIAI para repetir. Resultados: O EIAI curto resultou em maiores valores de PSE e FC no final do exercício quando comparado com o EIAI longo e 63% dos voluntários o acharam mais intenso. Não houve diferença nas respostas afetivas e enjoyment durante e após o exercício. Para a escolha do protocolo de EIAI, não houve diferença, entretanto, os resultados mostraram que os sujeitos que apresentaram maiores valores de preferência por intensidade do exercício, escolheram o protocolo que acharam mais intenso. Conclusão: O grande achado do presente estudo foi que as medidas psicológicas medidas durante e após o EIAI não foram influenciadas pela regra do pico-fim, isso pode ter acontecido porque o fenômeno de duração negligenciada não é aplicável no contexto do exercício, uma vez que há uma demanda metabólica durante o exercício que não pode ser negligenciada. Quanto a escolha entre o protocolo, os sujeitos não evitaram o protocolo que consideraram como mais intenso, uma vez que há um perfil individual quanto a preferência pela intensidade do exercício.

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