Resumo
Um maior recrutamento de massa muscular (execução bilateral) tem sido sugerido como mais propício à elevação das respostas cardiovasculares. Contudo, nenhum estudo pareou o tempo de execução e duração total do exercício para uma mesma carga relativa. O objetivo do estudo foi analisar o efeito agudo da magnitude da massa muscular recrutada sobre as respostas perceptivas e cardiovasculares agudas de pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD), frequência cardíaca (FC), duplo-produto (DP), débito cardíaco (DC) e resistência vascular periférica (RVP) nas execuções uni e bilateral, e estratégias passiva e ativa de movimento na cadeira extensora, além de analisar a modulação autonômica cardiovascular pós esforço (reentrada vagal) nos diferentes protocolos. Oito indivíduos saudáveis (24 ± 0,97 anos) foram submetidos a testes e retestes de carga máxima para 12 RM uni e bilateral. As sessões experimentais uni e bilateral foram compostas por 4 séries de 12 repetições a 70% de 12 RM, com a aplicação dos movimentos passivos previamente aos ativos. A análise estatística para todas as variáveis analisadas contemplou uma ANOVA de três entradas para medidas repetidas, seguida do teste post-hoc de Fisher quando necessário, considerando p≤0,05. Foram encontradas maiores respostas cardiovasculares e perceptivas no exercício ativo bilateral (PAS: 169 ± 3,6 mmHg, p<0,01; FC: 105,5 ± 4,5 bpm, p<0,05; DP: 17791 ± 881 mmHg.bpm, p<0,05; DC: 10,48 ± 0,26 l/min, p<0,05), sem diferenças relativas para a PAD e RVP entre os movimentos ativos. As respostas cardiovasculares se diferenciaram a favor dos protocolos ativos em relação aos passivos uni e bilateral, que não se diferenciaram entre si. A variabilidade da frequência cardíaca pós esforço foi reduzida quanto a média do intervalo RR em ambos os exercícios ativos (unilateral: 773,73 ± 22,75 ms, p<0,05; bilateral: 690,94 ± 34,30 ms, p<0,05), enquanto apenas o exercício ativo unilateral diferenciou-se nos índices RMSSD (37,65 ± 5,94 ms, p<0,05) e pNN50 (18,99 ± 5,43, p < 0,05). Em conclusão, as respostas cardiovasculares agudas e perceptivas foram influenciadas pela magnitude da massa muscular recrutada apesar da mesma carga relativa e tempo de tensão muscular por repetição e série. Nesse sentido, o exercício ativo bilateral promoveu as maiores modificações nas variáveis cardiovasculares. As respostas da PAS e do DP nos exercícios ativos foram influenciadas pelo aumento do DC para compensar a RVP e PAD indiferentes entre os protocolos, promovendo a perfusão coronariana. Apesar disso, a maior magnitude de massa muscular recrutada (exercício bilateral) favoreceu uma lentificação da reentrada vagal quando comparada ao exercício com menor recrutamento de fibras (unilateral).