Efeito da Manipulação do Feedback da Percepção de Esforço Esperada na Percepção de Esforço de Idosos
Por T. H. S. Serafim (Autor), Bruno de Paula Caraça Smirmaul (Autor), Priscila Missaki Nakamura (Autor), Eduardo Kokubun (Autor).
Resumo
Segundo o Modelo Psicobiológico a percepção de esforço (PE) é o principal componente na regulação e limitação do desempenho aeróbio. Dentre diversos fatores, os de natureza psicológica podem influenciar a PE. Adicionalmente, estudos demonstram que idosos podem não ser acurados em avaliar sua PE durante um exercício físico. Assim, o objetivo do presente estudo foi verificar o efeito da manipulação do feedback da PE esperada na PE de idosos. Doze homens idosos (70±5 anos) realizaram cinco testes de caminhada em esteira ergométrica: teste 1) protocolo incremental para a determinação do limiar ventilatório (LV); testes 2, 3, 4 e 5) referência, deflacionamento, controle e inflacionamento, que consistiram em um protocolo de carga constante (intensidade do LV) durante os primeiros 30 min, seguido por um protocolo incremental (aumento da inclinação da esteira) até atingirem 85% da sua frequência cardíaca máxima (FCsub). Na sessão de referência, os participantes reportaram sua PE (PE de referência) através da escala de Borg (6-20) a cada 3 min (carga constante) e a cada 1 min (carga incremental). As demais sessões foram divididas em deflacionamento, controle e inflacionamento, em ordem randomizada. Nestas sessões, a PE dos participantes foi reportada pelo pesquisador a cada 3 min durante a carga constante. O valor reportado foi dois valores abaixo, equivalente, ou dois valores acima em relação à PE de referência nas sessões deflacionamento, controle e inflacionamento, respectivamente. Os participantes deveriam concordar com o valor reportado ou reportar outro valor de PE de acordo com o que julgassem sendo o valor correto. Durante a carga incremental, os participantes reportaram sua própria PE a cada 1 min. As análises das respostas de PE foram separadas para a carga constante e incremental. Para a carga constante, foi conduzida uma ANOVA two-way (3x10) para medidas repetidas, sendo os fatores as sessões experimentais (deflacionamento, controle e inflacionamento) e os momentos (3°, 6°, 9°, 12°, 15°, 18°, 21°, 24°, 27° e 30° min). Para a carga incremental, foi conduzida uma ANOVA two-way (3x2) para medidas repetidas, sendo os fatores as três sessões experimentais e os momentos pré e pós-carga incremental (30° min e FCsub). O nível de significância foi considerado como p<0,05. Para a análise da carga constante, a ANOVA revelou efeito principal da condição (F(2,20)= 127,7; p< 0,001), efeito principal do momento (F(1,7;17)= 23,3; p< 0,001) e não revelou interação entre os fatores (F(18,180)= 1,2; p= 0,27). Para a carga incremental, a ANOVA revelou efeito principal da condição (F(2,20)= 29,2; p< 0,001), efeito principal do momento (F(1,10)= 43,4; p< 0,001) e interação entre os fatores (F(2,20)= 30,1; p<0,001). Assim, as respostas de PE foram menores e maiores nas sessões deflacionamento e inflacionamento, respectivamente, de modo que a manipulação do feedback da PE esperada influenciou a PE reportada durante o exercício físico dos participantes.