Efeito da Pinealectomia e do Exercício Resistido Sobre a Sensibilidade à Insulina e Manutenção da Musculatura Esquelética
Por Mariana Lopes Benites (Autor), Samuel Rodrigues Lourenço de Morais (Autor), Fernando Yamamoto Chiba (Autor), Antonio Musarò (Autor), Silvia Carosio (Autor), Laura Pelosi (Autor), Francesca Ascenzi (Autor), Doris Hissako Sumida (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: Produzida exclusivamente em período noturno e na escuridão, a melatonina apresenta papel fundamental na sincronização dos ritmos circadianos com o ciclo claro-escuro do meio ambiente. A exposição à luz suprime a síntese e secreção de melatonina pela glândula pineal, podendo prejudicar a ação da insulina na captação de glicose. A resistência à insulina, principal característica da diabetes tipo 2, pode ser atenuada pela prática regular de exercícios físicos. Objetivo: o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do exercício resistido sobre a sensibilidade à insulina e manutenção da musculatura esquelética em ratos pinealectomizados. Métodos: Para tanto, 40 ratos Wistar machos foram distribuídos, aleatoriamente, em 4 grupos: 1) controle (CNS); 2) exercitado (CNEX); 3) pinealectomizado (PNX) e 4) pinealectomizado exercitado (PNXEX). O treinamento resistido foi realizado em escada, durante 8 semanas, 3 sessões semanais (em dias não consecutivos), 9 repetições por sessão e intervalo de tempo de 2 minutos entre as repetições. A intensidade utilizada foi 60% de 1 repetição máxima (1RM), intensidade esta recomendada para indivíduos diabéticos. O teste de força máxima foi realizado a cada 2 semanas. Após o período de treinamento, os animais foram sacrificados amostras de plasma coletadas para quantificação da glicemia pelo método de glicose-oxidase e insulinemia pelo método de ELISA. A partir destes valores, a resistência à insulina foi mensurada pelo índice HOMA-IR. O cálculo da área de secção transversa do extensor digitorum longus (EDL) foi realizado a partir da análise histológica utilizando o software IMAGEJ. Também foram avaliadas a expressão gênica e quantificação de proteínas presentes nas vias de manutenção do músculo esquelético: atrogin-1, MuRF1, IGF-1, Akt1, miostatina e SMAD2/3. As análises estatísticas foram realizadas por análise de variância com 2 fatores - ANOVA two way, seguida pelo teste de Bonferroni ao nível de significância de 5%. A pinealectomia promoveu, em animais não exercitados (PNX), aumento na glicemia, insulinemia e HOMA-IR. A prática de exercícios resistidos em animais pinealectomizados (PNXEX) reverteu essas alterações, atuando na prevenção da resistência à insulina. Nessas mesmas avaliações, o grupo PNXEX apresentou resultados similares em relação ao CNS e CNEX. A supressão na produção de melatonina pela glândula pineal também promoveu atrofia muscular esquelética nos grupos PNX e PNXEX. A prática de exercícios resistidos, realizada pelo período de tempo, frequência e intensidade selecionados, não foi suficiente para promover hipertrofia muscular no grupo CNEX ou prevenir a atrofia muscular no grupo PNXEX. Os grupos PNX e PNXEX apresentaram aumento da expressão gênica de miostatina e conteúdo proteico de SMAD2/3 em relação aos grupos CNS e CNEX. Não houve diferença na expressão gênica e conteúdo das demais proteínas analisadas entre os grupos estudados. Resultados: os resultados sugerem que a atrofia muscular esquelética observada nos grupos PNX e PNXEX está relacionada ao aumento na ativação da via da miostatina. Embora não tenha sido observado melhora nos parâmetros relacionados à morfologia do músculo esquelético, o presente estudo demonstrou que a prática regular de exercícios resistidos, (a 60% de 1 RM), preveniu a resistência à insulina em animais pinealectomizados. Conclusão: A partir desses resultados podemos aventar que o exercício físico em trabalhadores noturnos pode melhorar a sensibilidade à insulina.