Resumo

Introdução: A privação do sono é uma prática recorrente na sociedade moderna e associada a baixos níveis de atividade física predispõe a população a morbi-mortalidade cardiovascular. Por outro lado, o nível de atividade física pode ser um fator protetor contra os efeitos deletérios da privação sono, visto que a prática de atividade física regular promove melhora da saúde cardiorrespiratória e metabólica, melhorando o condicionamento físico. Objetivos: Avaliar em jovens normotensos com diferentes níveis de atividade física as respostas de pressão arterial e atividade autonômica cardíaca a uma noite de privação parcial do sono e o impacto de uma sessão de Exercício Intervalado de Alta Intensidade (EIAI). Métodos: Foram avaliados 13 jovens (24,6 ± 3,7 anos) classificados com Baixo Nível de Atividade Física (BNAF) e 12 jovens (idade 24,1 ± 2,6 anos) com Moderado/Alto Nível de Atividade Física (MANAF) os quais se submeteram randomicamente a quatro sessões experimentais: duas noites com sono habitual (SH + sessão controle e SH + EIAI) e duas noites com privação parcial do sono (PPS + sessão controle e PPS + EIAI). O EIAI consistiu em 10 estímulos/recuperação passiva (sem exercício) de 1:1min a 92% da FCmáx. Todos os participantes realizaram teste ergométrico, acelerometria e avaliação antropométrica, avaliação ambulatorial da pressão arterial e ECG pré e após sessão. O Holter foi empregado para avaliar a modulação autonômica cardíaca durante o sono. A privação parcial do sono foi realizada utilizando-se de 50% do tempo de sono habitual de cada participante. Os dados foram tabulados no Excel e SPSS (Statistical Package for the Social Sciences, IBM®). Os valores da PA e a modulação autonômica cardíaca foram avaliados pelo teste t, teste U de Mann Whitney ou teste de Wilcoxon com o objetivo de avaliar as magnitudes das diferenças intrasessão (pós vs. pré) e entre as sessões (pós vs. pós). A transformação logarítmica foi empregada nos componentes absolutos da banda de alta (AF) e baixa frequência (BF) da frequência cardíaca. Foi considerado nível de significância estatística p≤0,05 e o tamanho do efeito (Cohen d). Resultados: Houve diferença significativa para a PAD de 24 horas apenas entre os grupos na sessão exercício (MANAF -2mmHg vs. BNAF 1mmHg, p=0,05; d=0.56). A sessão de SH + EIAI promoveu melhores respostas de hipotensão pós-exercício (HPE) no grupo MANAF para 60minutos, vigília, sono e 24 horas na PAS e PAD (p>0,05), similar resposta na PAS no sono foi observada na sessão PPS + EIAI (p=0,012; d=1.12) e de 24 horas (p=0,04; d=0.85). Para comparação intergrupo, o grupo MANAF apresentou maiores reduções para PAS e PAD no sono (-8mmHg vs. -1mmHg, p=0,039; d=0.94; -5mmHg vs. 4mmHg, p=0,050; d=0.97, respectivamente) e PAD 24 horas (-4mmHg vs. 1mmHg, p=0,05; d=0.56). Na avaliação autonômica cardíaca identificamos aumento de SDNN no sono restaurador tanto na sessão com PPS, como na sessão com SH (p≤0,05). O grupo MANAF apresentou redução do balanço autonômico cardíaco nas sessões com SH (BF/AF, Δ=-0,7, p=0,028; d=0.51) e PPS (BF/AFΔ=-0,8, p=0,026; d=0.71) durante o sono restaurador, diferentemente não observada no grupo BNAF (p>0,05). Conclusão: Jovens com MANAF ao realizarem uma sessão EIAI com o sono privado parcialmente apresentam reduções na PAS e PAD durante o sono restaurador e na PAS de 24 horas. Essas respostas pressóricas podem ter contribuição da redução da atividade simpática e aumento da variabilidade da frequência cardíaca.

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