Resumo

A paresia após Acidente Vascular Encefálico (AVE) limita a execução de atividades motoras, refletindo na participação social e qualidade de vida. Entre as abordagens terapêuticas, além da fisioterapia convencional, destaca-se a Terapia de Contensão e Indução do Movimento (TCIM). Este ensaio clínico randomizado cego avaliou o efeito da TCIM sobre a atividade eletromiográfica, funcionalidade e qualidade de vida (QV) de hemiparéticos crônicos. Trinta voluntários (59,73 ±0,09 anos) com hemiparesia crônica pós AVE foram distribuídos em dois grupos (n=15): Controle (GC) e TCIM (GTCIM), para realização de fisioterapia convencional ou TCIM (3 sessões semanais de 1 hora totalizando 24 sessões), avaliados antes e após 12 e 24 sessões de intervenção. Utilizaram-se as escalas Fugl-Meyer Motor Assessment (FMA) adaptada, Ashworth Modificada, Qualidade de Vida Específica para Acidente Vascular Encefálico (EQVE-AVE) e o Teste de Alcance Funcional (TAF), além da eletromiografia (EMG). Utilizou-se o software Stastical Package for Social Science for Personal Computer (SPSS/PC® versão 20.0) considerando p≤0,05. Os escores de todas as variáveis da FMA no GTCIM aumentaram até a 24а sessão diferindo do pré tratamento (p<0,05). No GC, os escores aumentaram do pré tratamento para a 24а sessão para a dor; da 12а para a 24а sessão para coordenação/velocidade e na 24а sessão e relação aos demais períodos para a sensibilidade (p<0,05). Entre os grupos, a maioria das variáveis, diferiram entre o pré tratamento e a 12ª sessão e entre a 12ª e a 24а sessão para movimentação passiva e função motora do MS (p≤0,05). No TAF houve aumento dos escores em ambos grupos, em todos os períodos (p<0,05), sendo que após a 12а e a 24а sessão o resultado do GTCIM foi superior ao do GC (p<0,05). Para a EQVE – AVE, no GTCIM o escore geral e a maioria das variáveis aumentaram, assim como no GC o escore geral e 7 das 12 variáveis na 12а e 24а sessão em relação ao pré tratamento (p≤0,05). Entre os grupos o escore geral e 7 variáveis foram maiores no GTCIM até a 24а sessão (p≤0,05). A raiz quadrada da média (RMS) do sinal EMG entre os grupos, apenas foi maior para os músculos flexores do punho (parético e normal) da 12а para a 24а sessão (p<0,05) no GTCIM se comparado ao GC, enquanto dentro do GC os valores de todos os músculos (normais e paréticos) diminuíram entre a 12ª e a 24ª sessão (p<0,05). A RMS de todos os músculos diferiu entre o lado normal e parético em ambos os grupos em todos os períodos (p≤0,05), porém da 12а para a 24ª sessão no GTCIM houve aumento da RMS para todos os músculos (p≤0,05). O tônus muscular no GTCIM foi menor em relação ao GC (p=0,004) após 24 sessões. A força máxima foi maior no GTCIM que no GC na 24ª sessão (p<0,05), assim como intragrupos o GC e o GTCIM mostraram valores maiores aos 24 dias em relação ao pré tratamento (p≤0,05). Somente houve correlação entre a variável mobilidade da EQVE-AVE com o RMS para o músculo flexor do punho parético (p=0,02). Ambos os protocolos utilizados no estudo foram eficazes, no entanto o protocolo de TCIM mostrou maiores benefícios na recuperação da funcionalidade do MS parético, no alcance funcional, na redução do tônus muscular e na atividade mioelétrica, com consequente melhora da qualidade de vida.

Acessar Arquivo