Resumo

Informações sensoriais relevantes para a tarefa de dirigir são obtidas através da exploração visual do ambiente, possibilitando ao motorista o controle adequado do veículo. Fatores intrínsecos como a ansiedade estão presentes durante a condução de veículos e podem gerar estresse ao indivíduo. Condições de alta ansiedade podem causar um desequilíbrio nos processos atencionais, afetando as estratégias de busca visual e o desempenho da tarefa. O objetivo do estudo foi investigar os efeitos de ansiedade no comportamento do olhar de motoristas experientes. Seis motoristas experientes com, no mínimo, três anos de Carteira Nacional de Habilitação, com frequência de condução de, no mínimo, três vezes por semana, participaram desse estudo. A tarefa de dirigir foi realizada com o uso do simulador City Car Driving, com as opções de pista motorway, visão diurna e densidade de tráfico de 60 %, padronizadas para todos os participantes. Equipamentos adicionais (volante, pedais e câmbio) foram utilizados para aproximação com a realidade. Os movimentos dos olhos foram registrados com o eye tracker (ASL - modelo H6). Para avaliar a manipulação da ansiedade, foi aferida a frequência cardíaca (FC) e aplicado o questionário "Inventário de Ansiedade TraçoEstado" (IDATE) pré e pós a tarefa de dirigir. As condições experimentais foram: i) condição controle - dirigir durante dois minutos, evitando cometer infrações de trânsito e mantendo uma velocidade média entre 50 e 80 Km/h; ii) condição ansiedade - realizar a mesma tarefa da condição controle, sendo os participantes informados sobre a avaliação de sua performance e da presença de expectadores durante a realização da tarefa. Áreas de Interesses (AIs) foram definidas para analisar o comportamento do olhar sendo: outside, pista, velocímetro, retrovisor central, retrovisor lateral esquerdo, retrovisor lateral direito e volante. As variáveis dependentes foram: número de fixações em cada AI; duração média das fixações em cada AI; variância horizontal e vertical das fixações durante o tempo total; pontuação total do IDATE-pré e IDATEpós; FC-pré e FC-pós. Testes t pareados foram utilizados para verificar as diferenças entre as condições nas AIs. Os resultados apontaram que o número e a duração média das fixações na AI da pista foram maiores durante a condição ansiedade do que durante a condição controle. A variância horizontal e vertical das fixações não foi alterada. Os participantes apresentaram uma pontuação maior do IDATEpós em relação ao IDATE-pré, indicando maior nível de ansiedade após a realização da tarefa. Entretanto, não houve diferença significativa entre as variáveis FC-pré e FC-pós. Os motoristas passaram mais tempo fixando a pista durante a condição de ansiedade do que durante a condição controle, indicando aumento na alocação da atenção para manter o desempenho da tarefa durante a condição de ansiedade. Os resultados sugerem que as estratégias de busca visual foram afetadas pela ansiedade.

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