Efeito de carga autosselecionada, percepção de esforço e afetividade sobre o abandono em um programa de treino de força de 12 semanas
Por Ícaro Alves Borges (Autor), Augusto Corrêa de Queiroz Freitas (Autor), Giovanni Gondim Tomaz (Autor), Sebastião Henrique Assis da Silva (Autor).
Em IX Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
O treinamento de força (TF) é uma estratégia recomendada para manutenção da funcionalidade no envelhecimento. Entretanto, altos índices de abandono são comuns nos primeiros meses de treinamento. Portanto, estudar estratégias para a redução do abandono se faz necessário. Embora estudos sugiram que carga autosselecionada (AS) pode ser uma alternativa, a literatura carece de estudos longitudinais. OBJETIVO: Verificar se o uso de cargas AS reduz o abandono em um protocolo de TF de 12 semanas em mulheres acima de 40 anos. Como objetivo secundário, verificar se escala de repetições de reserva (RR), escala de percepção subjetiva de esforço (PSE) e escala de afetividade (EA) impactam no abandono. MÉTODOS: Cálculo amostral (desistência observada=30%; desistência esperada=15%, alfa=0,05, poder=0,90, teste estatístico=regressão logística e tamanho mínimo da amostra=80 pessoas). 91 mulheres (59±10 anos, sem experiência prévia em TF) foram randomizadas em dois grupos [n=45 carga AS e n=46 carga imposta (AI)]. Ambos os grupos realizaram TF 3x/semana em dias alternados, realizando 3 séries de 8 repetições em 7 exercícios distintos. O grupo AI treinou com 70% de uma repetição máxima (1RM) e o grupo AS teve autonomia para definir a carga. No grupo AS, a orientação para a seleção da carga foi "selecione uma carga que consiga realizar 8 repetições confortavelmente, mas sinta o músculo trabalhando". As escalas (PSE; RR; EA) foram coletadas no exercício leg press 45°. Foi utilizado Teste-t, Mann-Whitney U, Chi² e regressão logística para comparação dos dados. RESULTADOS: Após a intervenção, houve abandono de 11% (n=10). Os grupos não diferiram quanto a proporção de desistentes (AS=11,1% de abandono; AI=10,9% de abandono; Chi²=0; p=0,971). O protocolo de carga AS mostrou maior RR (AS=2,9±1,6 vs AI=1,8±1,5 p<0,001), menor PSE (AS=4,9±2,7 vs AI=6,4±2,2 p<0,001) e similaridade do % de 1RM (AS=60%±20% vs AI=70%±10%, p=0,767) e EA (AS=2,7±2,0 vs AI=2,4±2,2, p=0,606). Das escalas, a única preditora do abandono foi a RR (OR=0,41; IC95%: 0,19-0,88; p=0,023), independentemente da idade, PSE, EA, do protocolo utilizado e 1RM. Portanto, aquelas que treinaram mais próximo do máximo de repetições (falha concêntrica), maior a chance de desistência do programa de treinamento. CONCLUSÃO: Embora a carga AS não reduza o abandono, RR é uma preditora de abandono em um programa de TF de 12 semanas em mulheres acima de 40 anos.