Resumo

O presente estudo teve como objetivo principal determinar os efeitos de um programa de treinamento em atletas de futsal durante dez semanas de uma temporada competitiva, e como objetivos secundários, comparar e associar os efeitos deste período a um modelo de treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI) em diferentes intensidades (100% e 83-88% do pico de velocidade obtido no futsal Intermittent endurance test [PVFIET]) nas variáveis de potência aeróbia e anaeróbia, associando com variáveis de carga de treino (CT) e a variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Participaram do estudo dez atletas da categoria sub 20 anos do sexo masculino de uma equipe de futsal (idade: 18,5±1,1 anos; massa corporal: 70,5±5,7 kg; estatura: 177,7±7,4 cm). Foram realizadas avaliações físicas de potência aeróbia em esteira rolante (consumo de oxigênio pico [VO2pico], pico de velocidade na esteira rolante [PVTIER], primeiro limiar ventilatório [LV1], segundo limiar ventilatório [LV2], PVFIET e de potência anaeróbia (counter movement jump [CMJ], squat jump [SJ], capacidade de realizar sprints repetidos [CSR] e sprints). A CT foi quantificada diariamente a partir do método percepção subjetiva de esforço (PSE). Os resultados mostraram que o período inicial da temporada competitiva foi suficiente para promover mudanças significantes (VO2pico, PVFIET, PVTIER, LV1, LV2, CMJ, SJ, Sprint 15m, CSRMELHOR, CSRMÉDIO e VFC) nas variáveis de desempenho. Os modelos de TIAI apresentaram diferenças positivas significantes na relação intra-sujeito para variável VO2pico e o modelo a 100% da intensidade para LV1 e LV2. Para as variáveis anaeróbias, CSRMELHOR apresentou significância na comparação entre os modelos, CSRMÉDIO e CMJ reportaram significância intra-sujeito, e SJ para o modelo 100%. Na tentativa de explicar as variações nos índices aeróbios pelas variáveis da PSE, a variável LV1 mostrou relação significante com a soma e training strain. VO2pico, PVTIER, PVFIET e LV2 não apresentaram relação significante com variáveis de CT. A VFC mostrou relação significante com variáveis de VO2pico, PVTIER e PVFIET, assim como forte correlação entre delta percentuais entre VO2pico e VFC (r=0,85, p=0,0016). É possível concluir que a distribuição das CT favoreceu para adaptações positivas ao treinamento proposto, apresentando melhorias significantes nas variáveis de desempenho, no entanto, o uso da PSE como preditor de performance parece ser insuficiente para obter relações significantes. Ainda, os modelos de TIAI favoreceram as adaptações, otimizando o treinamento em sessões que buscam ações especificas da modalidade, no entanto, o tamanho da amostra do presente estudo pode ter influenciado nos resultados. Por fim, sessões de treinamento devem buscar a especificidade da modalidade, associadas as respostas adaptativas das CT, além da possibilidade da utilização da VFC como preditor de desempenho durante o processo de treinamento.

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