Resumo
Introdução: Recentemente relacionada com a sinalização da insulina, a proteína clusterina (CLU) pode ser encontrada em diversos tecidos e também livre em soro. Sabe-se que o exercício físico desempenha um papel positivo na sinalização da insulina. Entretanto, os efeitos do exercício sobre os níveis de CLU permanecem desconhecidos. Objetivos: Investigar o efeito do treinamento de curta duração na homeostase glicêmica e níveis musculares de CLU em camundongos obesos e avaliar se os efeitos do exercício físico sobre a via de sinalização da insulina são partilhados com a via da CLU. Métodos: O protocolo experimental foi aprovado pelo comitê de ética sob o nº 4773-1/2018. Camundongos Swiss foram divididos em quatro grupos: controle sedentário (CTS, n=24): alimentado com dieta padrão; obeso sedentário (OBS, n=24), obeso submetido ao treinamento aeróbio em esteira (OBA, n=12) e; obeso treinamento de força em escada (OBF, n=12): alimentados com dieta hiperlipídica (60% Kcal de gordura), por 14 semanas. O OBA foi submetido a uma hora de exercício em esteira a 75% da Pmáx por 7 dias consecutivos. O OBF foi submetido a vinte escaladas em escada a 75% da MVCC por 7 dias consecutivos. Os animais foram sacrificados e o tecido muscular esquelético foi extraído para análises de conteúdo proteico e RNA mensageiro. Dados representam média±E.P.M.. As comparações entre grupos foram feitas utilizando teste de análise de variância de uma via seguida de pós teste de Tukey. Coeficientes de correlação foram calculados usando teste de Spearman. Valor de p<0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados: Os animais obesos apresentaram desarranjo na homeostase glicêmica e na sensibilidade à insulina quando comparados ao grupo CTS, o que foi melhorado pelo treinamento de curta duração (TCD) em esteira. Os níveis de insulina séricas estavam elevados no grupo OBS quando comparados ao grupo CTS, assim como o índice HOMA-IR, o TCD foi eficaz em melhorar ambos os parâmetros. O TCD melhorou a sinalização da insulina no grupo OBA comparados com CTS e OBS. A DHL foi não foi capaz de aumentar os níveis de CLU muscular, entretanto, o TCD elevou os níveis de CLU em 143% vs CTS e 121% vs OBS. O estímulo com insulina elevou os níveis de CLU musculares em 37% no grupo OBS comparado ao CTS e o TCD reduziu seus valores significativamente. A expressão gênica de CLU aumentou 172% e 114% em tecido muscular do grupo OBA, quando comparado com CTS e OBS, respectivamente. Os níveis proteicos de CLU muscular se correlacionaram positivamente os parâmetros fisiológicos, dentre eles, a glicemia de jejum (r=0,60; p=0,04), insulina sérica (r=0,70; p=0,01) e HOMA-IR (r=0,72; p=0,007). A homeostase glicêmica também foi melhorada pelo TCD em escada. A glicemia de jejum apresentou aumento no grupo OBS quando comparado ao CTS, assim como na insulina sérica. O TCD em escada foi eficaz em reduzir ambos parâmetros, entretanto, não foi capaz de alterar o índice HOMA-IR. Durante o ipITT, o grupo OBF apresentou redução na AUC e melhora de 62% no kITT quando estimulados com insulina. Não foram encontradas diferenças significativas nos níveis proteicos e gênicos de CLU muscular, porém, o TCD foi capaz de aumentar os níveis de LRP2 no músculo esquelético desses animais. Conclusão: De acordo com os dados, concluímos que a proteína CLU tem um papel na homeostase glicêmica ao se correlacionar com diversos parâmetros fisiológicos e sofrer alterações causadas pelo estimulo com insulina. Ademais, nosso estudo foi o primeiro a demonstrar o efeito do TCD nos níveis de CLU musculares, assim como o TCD tem a capacidade de melhorar o quadro de resistência à insulina sem alterações na massa corporal e, por fim, somente o treinamento em esteira foi capaz de modular os níveis proteicos e gênicos de CLU muscular.