Efeito de duas intervenções com movimento em sala de aula sobre a função cognitiva de crianças: um ensaio clínico randomizado por cluster
Por João Carlos do Nascimento Melo (Autor), Ellen Caroline Mendes da Silva (Autor), Beatriz Noia Souza (Autor), Marcel Belitardo da Silva (Autor), Felipe Macêdo Rocha (Autor), Camile Vitória Araújo de Souza (Autor), Julian Tejada (Autor).
Em IX Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
Intervenções com pausas ativas (PA) e lições fisicamente ativas (LFA) têm sido testadas como meio de aumentar o nível de atividade física na sala de aula, promovendo melhora na função cognitiva, desempenho acadêmico e sucesso escolar em crianças. Contudo, o fato da maioria dos estudos terem sido conduzidos em países de alta renda, faz com que seja necessário avaliar essa realidade/cenário em países de baixa e média renda, principalmente com relação ao tempo que a criança passa na escola. OBJETIVO: Avaliar e comparar os efeitos de intervenções com PA e LFA sobre a função cognitiva de estudantes do primeiro ano do ensino fundamental. MÉTODOS: Se trata de um ensaio clínico randomizado por cluster conduzido em escolas municipais de Aracaju/SE. Um total de 6 escolas foram sorteadas e distribuídas aleatoriamente em três grupos: 1) grupo PA (2 escolas; 6 turmas; n= 60), realizaram interrupções de 5 a 10 minutos com movimento (por exemplo, agachamento, polichinelo e etc.) entre as lições/tarefas de aula para interromper o tempo sentado, em dias contrários as aulas de educação física; 2) grupo LFA (2 escolas; 5 turmas; n= 77) realizaram aulas combinando movimento com o conteúdo pedagógico (por exemplo, formar letras do alfabeto utilizando o próprio corpo), em dias contrários as aulas de educação física; e 3) grupo controle (2 escolas; 5 turmas; n=46), currículo tradicional. As intervenções ocorreram entre os meses de setembro e novembro de 2022. A função cognitiva foi avaliada por meio do tempo de reação (TR) e o total de acertos (TA) por três testes computadorizados: 1) Go/NoGo (controle inibitório); 2) Mental Rotation (reconhecimento espacial); e 3) DigitSpan (memória de trabalho). Modelos de Equações de Estimativa Generalizada foram utilizados para verificar o efeito das interações ao longo do tempo. Diferenças iniciais foram ajustadas pelo baseline. Todas as análises estatísticas foram conduzidas no software SPSS 29.0 e foi adotado o nível de significância de 5%. RESULTADOS: Observamos interação grupos vs tempo para as variáveis Go/NoGo (TR: p= 0,025) e DigitSpan (TA: p=0,023). No Go/NoGo uma redução significativa na média de TR foi observada no grupo LFA (-122,9 ms; p<0,001), enquanto não houve diferença nos grupos PA (-8,6 ms; p=0,818) e Controle (-23,3 ms; p=0,627). No DigitSpan um aumento significativo na média de TA foi observada no grupo LFA (0,77 acertos; p<0,001), enquanto não houve diferença nos grupos PA (0,03 acertos; p= 0,875) e Controle (0,07 acertos; p=0,827). CONCLUSÃO: Nossos resultados apontam que aulas fisicamente ativas podem melhorar o controle inibitório e memória de trabalho de escolares. Entretanto, as estratégias adotadas não contribuíram significativamente para melhorar a habilidade de reconhecimento espacial.