Resumo

A prática de exercícios físicos associados à orientação alimentar e modificações no estilo de vida são ações terapêuticas na área da saúde. No entanto não há consenso quanto à dose-resposta dos programas de exercícios na obesidade infanto-juvenil. Nesta perspectiva, esta tese é composta por dois estudos distintos, porém complementares, com objetivo geral de verificar e comparar a efetividade do programa de treinamento intervalado de alta intensidade aquático (HIIT-AQ) com programa aquático tradicional e HIIT terrestres quanto aos fatores de riscos cardiometabólicos e na aptidão física em adolescentes com obesidade. O objetivo do Estudo 1 foi verificar a efetividade de um protocolo de intervenção HIIT-AQ e comparar seus efeitos com o treinamento de moderada intensidade realizado no meio aquático (MIT-AQ) sobre as variáveis antropométricas e perfil lipídico. No Estudo 2, o objetivo foi comparar os efeitos de  três treinamentos intervalados de alta intensidade (HIIT), realizados  no meio aquático (HIIT-AQ) e no terrestre com sustentação do peso corporal com a corrida na quadra esportiva (HIIT-C) e sem sustentação na bicicleta indoor (HIIT-B) sobre parâmetros antropométricos e fatores cardiometabólicos. Métodos: A amostra total foi composta por 127 adolescentes, de ambos os sexos, faixa etária entre 12 e 17 anos, diagnosticados com obesidade, divididos nos grupos de intervenção: HIIT-AQ (n=19), MIT-AQ (n=22), (GC, n=22); HIIT-B (n=12) e HIIT-C (n=16) e um controle sem intervenção (GC, n=22). As avaliações foram realizadas na fase inicial e após 12 semanas dos programas de intervenção. Avaliaram-se medidas antropométricas, composição corporal, aptidão cardiorrespiratória (VO2pico), as concentrações de glicemia, insulinemia e perfil lipídico. Calculou-se o índice de massa corporal escore Z (IMC-z). Os Grupos realizaram atividades máximas HIIT-AQ (80 a 95%) da FC de reserva (FCreserva), HIIT-C e HIIT-B (85 a 100%) da FCreserva, com intervalos ativos de 50% a 60% da FCreserva, monitorados e registrados individualmente ao final de cada bloco, foram duas séries de quatro repetições 30” X 60”, com intervalos de quatro minutos entre as séries, aumentando o número de repetições progressivamente a cada semana. Quanto ao grupo de MIT-AQ, a intensidade do exercício variou entre 35 a 45% da FCreserva no início, aumentando-se para 45 a 65% na 5ª a 8ª semana, atingindo-se entre 65 e 85% da FCreserva na 9ª a 12ª semana. As intensidades foram controladas individualmente pelas FC e percepção subjetiva de esforço (PSE) a cada 15 minutos. Os programas de intervenção foram realizados com a frequência de três vezes semanais, em um total de 36 sessões. Os participantes responderam questionário de registro comportamental e hábitos alimentares, participaram de quatro sessões de orientação nutricional acompanhado pelos familiares. O GC foi avaliado no início e no final de doze semanas e participaram somente das aulas de educação física. Resultados: No Estudo 1, O HIIT-AQ foi efetivo quanto a intensidade planejada e a frequência alvo foi atingida satisfatoriamente. O treinamento de HIIT-AQ associado à orientação nutricional contribuiu para diminuição do CT (p = 0,016), LDL (p = 0,004) e CT não HDL-c (p < 0,05). Após 12 semanas, os resultados do MIT-AQ demonstraram diminuição do IMC-z (p = 0,003), CT (p < 0,001), LDL (p < 0,001) e CT não HDL-c (p < 0,001). Conclusão: Os principais achados indicam efeitos semelhantes entre MIT-AQ e HIIT-AQ quanto a diminuição do CT, LDL-c e CT não HDL-c. Além disso, o grupo HIIT-AQ apresentou aumento no HDL-c o que representa redução dos riscos cardiometabólicos. No GC, foram observados aumento da estatura e diminuição do HDL-c. O HIIT-AQ demonstrou maior benefício sobre o perfil lipídico em adolescentes obesos. No Estudo 2 foi observado maior benefício ao grupo HIIT-B para a redução do IMC-z (ES=0,38-0,42; p<0,01), bem como maior aumento do VO2pico absoluto (ES=0,30-0,54; p<0,01) e relativo (ES =0,51-1,00; p<0,01) em comparação aos outros grupos. O grupo HIIT-C demonstrou maior redução da pressão arterial diastólica (ES=0,55-1,05, p<0,01). Enquanto o grupo HIIT-AQ demonstrou maior benefício sobre o HDL (ES=0,60-0,75; p=0,03) em comparação ao grupo controle. Conclusão: HIIT-B promoveu maiores adaptações sobre a composição corporal e aptidão cardiorrespiratória, o HIIT-C demonstrou maiores impactos na redução da pressão arterial, enquanto o HIIT-AQ revelou maior benefício sobre o perfil lipídico em adolescentes com excesso de peso. Conclusão geral: Os resultados apresentados demonstram que o HIIT-AQ foi efetivo quanto às modificações no perfil lipídico e melhora quanto aos parâmetros de riscos cardiometabólicos. As atividades físicas de HIIT e MIT apresentam-se como alternativas terapêuticas para adolescentes obesos. Além disso, quando comparados o tempo gasto com os treinamentos HIIT e MIT, o tempo-eficiência do HIIT-AQ para crianças e adolescentes com obesidade foi mais efetivo.

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