Resumo
INTRODUÇÃO: Os estudos anteriores sobre exercício físico e obesidade têm utilizado basicamente protocolos de treinamento aeróbio em ambientes laboratoriais controlados e sua aplicação em ambiente de mundo real ainda é controverso e incipiente. Portanto, é preciso estabelecer a eficácia desses protocolos em ambientes de mundo real. OBJETIVO: Analisar os efeitos do treinamento contínuo de moderada intensidade (TCMI), treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI) e treinamento em intensidade autosselecionada (TIAI) sobre a aptidão cardiorrespiratória, composição corporal e aderência em adultos com excesso de peso. MÉTODOS: Setenta e três adultos jovens (45 mulheres; 31,4±7,2 anos; 28,9±2,7 kg.m- ²) foram incluídos neste ensaio clínico randomizado controlado, sendo alocados em três grupos: TCMI (n=24), TIAI (n=23) e TIA (n=26). O programa de treinamento aeróbio teve uma duração de três meses, com três sessões semanais. O programa foi dividido em duas fases, uma supervisionada, realizada numa pista de atletismo aberta, e uma semisupervisionada, realizada em um ambiente de preferência. O grupo TCMI exercitou na intensidade moderada (percepção subjetiva de esforço [PSE]=13) durante 30 minutos por sessão. O grupo TIAI foi instruído a realizar 10 estímulos de 60 segundos na intensidade vigorosa (PSE=15–17), intercalados com 60 segundos de recuperação, totalizando 20 minutos por sessão. O grupo TIA foi orientado a autosselecionar sua intensidade de preferência durante 30 minutos. A aptidão cardiorrespiratória e a composição corporal foram avaliadas pela ergoespirometria e densitometria por dupla emissão de raios-X, respectivamente, na linha de base, na 4ª semana e na 12ª semana. A resposta afetiva foi avaliada durante cada sessão de exercício. A aderência foi calculada pela razão da quantidade de participantes concluintes sobre o número total de participantes desistentes. RESULTADOS: O consumo de oxigênio pico aumentou em todos os grupos ao final do programa (TCMI: 13,5 ± 14 %; TIAI: 9 ± 6,8 %; TIA 12 ± 9 %; p < 0,05), sem diferença entres eles. Referente a composição corporal, somente o grupo TIA reduziu a massa de gordura total (-5,9 ± 9,2 %; p=0,008), e aumentou a massa livre de gordura (1,4 ± 2,6 %; p=0,049). Os grupos TIA e TCMI perceberam o treinamento como prazeroso, em contrapartida, o grupo TIAI percebeu como neutro/desprazeroso (p<0,05). Não houve diferença na aderência entre os grupos (p>0,05). Adicionalmente, houve uma associação positiva entre resposta afetiva e taxa de comparecimento às sessões de exercício nos grupos TIAI (R=0,774; p=0,001) e TIA (R=0,536; p=0,015). CONCLUSÃO: Os protocolos de treinamento aeróbio melhoraram a aptidão cardiorrespiratória de adultos com excesso de peso. Uma maior percepção de prazer ao longo do programa foi associada com uma maior taxa de comparecimento as sessões de exercícios, sugerindo que uma resposta afetiva prazerosa pode ser um fator determinante para o engajamento dessa população em programas de exercícios.