Resumo

O tereré é uma bebida típica à base de Erva Mate (EM) (Ilex Paraguariensis) com água gelada/gelo, eleita Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO. A EM possui compostos ergogênicos como a cafeína, associada ao estímulo da lipólise, bem como ao aumento da taxa de oxidação de ácidos graxos. Considerando a escassez de estudos envolvendo o consumo de EM sobre parâmetros metabólicos de atletas, testar o consumo do tereré em corredores torna-se relevante.

Objetivo: Analisar os efeitos da ingestão de Tereré sobre a economia de corrida (ECO) e quociente respiratório (QR) de corredores durante a corrida estável. Metodologia: Ensaio clínico randomizado, duplo cego e cruzado (wash-out de 7 a 14 dias), aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Incluídos 19 corredores de rua recreativos, 10 homens e 9 mulheres com idade entre 23 a 46 anos, saudáveis e praticantes da atividade há pelo menos 1 ano. Os participantes foram submetidos às condições: 50g de Tereré Experimental (TEX) ou 50g de Tereré Placebo descafeinado (TPL), administrados com água gelada (6 ml/kg). Após 60 minutos, correram por 60 minutos em esteira (Inbramed®) a ritmo contínuo, em 85% da velocidade média de treinamento relatada.  O volume de oxigênio consumido (VO) e de gás carbônico expirado (VCO) foram determinados por calorimetria indireta usando uma máscara de silicone e analisador de gases (Handymet MDI®).  Determinou-se a ECO como a média de VO dos últimos 30s e o QR como a razão entre o VCO e o VO consumidos (VCO/VO). Análises descritivas foram calculadas e para comparação dos dados paramétricos, foi realizado o teste t de Student, sob o nível de significância de p<0,05, utilizando software Bioestat, V5.3. Resultados: Não houve diferenças significantes entre as condições nos valores de ECO (TEX Masc: 30 ml/kg/min ± 2,61 vs TPL Masc: 30,5 ml/kg/min ± 3,57; p = 0,37 ; TEX Fem: 33,3 ml/kg/min ± 3,63 vs TPL Fem: 31,94 ml/kg/min ± 3,07; p = 0,29) e QR (TEX Masc: 0,99 ±0,05 vs TPL Masc:  0,99 ±0,05 ; p = 0,81; TEX Fem: 0,94 ± 0,05 vs TPL Fem: 0,92 ± 0,03 ; p = 0,20). Conclusão: Os resultados sugerem que o Tereré tradicional, em comparação ao Tereré descafeinado não promove mudanças significantes na oxidação de substratos, apontando uma dependência de carboidratos no fornecimento de energia para ambos os sexos.

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