Resumo

Considerando a complexidade exigida na Orientação, decorrente da  combinação de componentes físicos e cognitivos, e considerando a ausência de estudos que tenham verificado o efeito de tarefas mentalmente fatigantes em esportes com elevada demanda cognitiva, o objetivo do presente estudo foi verificar o efeito de uma tarefa de esforço mental no desempenho e nas variáveis psicofisiológicas de quinze orientistas do sexo masculino (30 ± 8 anos; estatura 1,74 ± 0,05 m; massa corporal 74,4 ± 7,4 kg). As sessões de desempenho referentes às provas de Orientação, foram precedidas por I) 30 min de esforço mental (condição experimental, EXP), resultante de uma tarefa cognitiva incongruente (Stroop Task); II) 30 min sem esforço mental (condição controle, CON) realizando, apenas, 10 min de observação (tarefa cognitiva fácil) e 20 min de relaxamento. Considerando o delineamento experimental crossover, os 15 orientistas realizaram ambas as condições. Todas as variáveis foram mensuradas em ambas as condições. Inicialmente, o bem-estar e o estado de recuperação percebido foram mensurados. A frequência cardíaca foi mensurada durante as tarefas cognitivas; o estado motivacional foi mensurado pré-tarefas cognitivas e pré- prova de orientação; a  percepção subjetiva de esforço (PSE) pós-tarefas cognitivas e pós- prova de  orientação. O desempenho foi determinado pelo tempo necessário para realizar a prova de Orientação e foi mensurado imediatamente ao término da prova, bem como, a percepção de desempenho. Após 30 min do término da prova, a carga interna foi avaliada. Todas as variáveis medidas, assim como o desempenho na prova de orientação, não apresentaram diferenças significativas entre as condições (EXP vs. CON) (p > 0,05). Embora, um leve aumento no tempo de desempenho tenha sido encontrado pós-EXP (40,8 ± 11,4 min) versus CON (38,4 ± 13 min) (p = 0,4; TE = 0,20). A PSE pós-EXP aumentou significativamente (p <0,05; TE = 0,96), mas não pós- prova de Orientação (p > 0,05). Os dados sugerem que 30 min de esforço mental não afetaram significativamente as respostas psicofisiológicas, mas demonstraram a adição de 2 min e 4 s no desempenho da orientação. Com base nos resultados, é possível especular que os orientistas são atletas capazes lidar com o esforço mental de maneira diferente, possivelmente devido às estratégias de coping (enfrentamento) e demandas cognitivas exigidas na Orientação. Adicionalmente, um excelente componente cardiorrespiratório por parte dos orientistas foi capaz de suprir as demandas físicas e cognitivas impostas pela prova de Orientação.


 

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