Resumo
O exercício físico tem sido indicado como terapia para reduzir a pressão arterial em hipertensos, no entanto, uma parcela desses hipertensos não tem se beneficiado com a hipotensão pós-exercício (HPE). Diversos são os mecanismos que ajustam o débito cardíaco e a resistência vascular periférica (RVP), e esses fatores podem modular a HPE. Ainda pouco se conhece sobre os mecanismos que ajustam a HPE em hipertensos com resistência a esse fenômeno. Portanto, o objetivo desse estudo é avaliar o efeito de uma sessão de exercício aeróbio sobre a resposta vasodilatadora em hipertensos com resistência a HPE. Participaram do estudo 19 hipertensos, de ambos os gêneros com idade média 53±6 anos. A classificação da HPE seguiu o critério de LIU et al (2013). Foram divididos em dois grupos: a) grupo com HPE (GCHPE, n=9) e b) grupo sem HPE (GSHPE, n=10). Os grupos foram pareados pelo uso de medicação anti-hipertensiva, índice de massa corporal e de idade, bem como, pelos parâmetros clínicos e hemodinâmicos. Todos os sujeitos foram submetidos a duas sessões experimentais randomizadas (exercício aeróbio e controle) com duração de 40 minutos cada; a sessão exercício aeróbio foi realizada em esteira ergométrica, com intensidade de 50 a 70% da frequência cardíaca máxima. Para a sessão controle os participantes permaneciam em posição ortostática sobre a esteira ergométrica. A resposta vasodilatadora foi avaliada no repouso (pré-intervenção) e após trinta minutos das sessões experimentais (pós-intervenção). A resposta vasodilatadora foi avaliada também via reflexo simpatoexcitatório (30% da contração voluntária máxima com handgrip) e via fluxo-mediada (hiperemia reativa). Os dados foram avaliados pelo teste t para amostras independentes, testes de Friedman, quando necessário post-hoc de Bonferoni e testes de Wilcoxon e U Mann-Whitney. Nível de significância aceito p<0,05. No GSHPE pôde-se observar aumento significativo na pressão arterial média (PAM) e RVP nos momentos pré vs pós-exercício aeróbio e em relação ao comportamento vasodilatador (1º, 2º e 3º minuto vs repouso) durante manobra simpato-excitatória, ainda o mesmo grupo mostrou diminuição significativa na condutância vascular (CV). As variáveis hemodinâmicas não apresentaram diferença significativa após hiperemia reativa. A vasodilatação via ativação simpática foi alterada em ambos os grupos avaliados, promovendo redução da RVP e aumento da CV após a realização do exercício aeróbio. Por outro lado, não ocorreu alteração significativa na resposta vasodilatadora fluxo-mediada nos grupos avaliados. A vasodilatação parece não ser resposável pelos ajustes de pressão arterial na HPE em hipertensos.