Resumo

O presente estudo tem como objetivos (1) sumarizar os resultados disponíveis na literatura sobre o efeito do exercício físico nas funções cognitivas em idosos depressivos; (2) descrever uma proposta do protocolo de treinamento aeróbio intervalado e verificar o seu efeito nas funções cognitivas e sintomas depressivos em idosas com o diagnóstico de depressão maior. O primeiro estudo é constituído por uma revisão sistemática. As buscas foram realizadas em sete bases de dados eletrônicas e, posteriormente, na lista de referências dos artigos selecionados para análise na íntegra. Foram utilizados 32 descritores/termos em inglês, empregados em quatro grupos de comando (exercício físico, funções cognitivas, depressão e idosos). Foram incluídos dois ensaios clínicos, sendo que um realizou treinamento combinado (aeróbio e anaeróbio) como estratégia de intervenção e o outro utilizou o Tai Chi Chih. O período de intervenção variou de 4 a 14 semanas. A sessão dos exercícios físicos variou de 1 até 2 horas. Verificou-se um efeito significativo no teste LPS-3 para o grupo que realizou exercício combinado (t (5) = - 2,668; p = 0,044). Os idosos que praticaram Tai Chi Chih apresentaram um melhor desempenho no teste de recordação tardia em comparação com o grupo controle, assim como uma diminuição da quantidade de erros no teste de trilha A (pré: 0,44 ± 0,72; pós: 0,19 ± 0,47), controle (pré: 0,43 ± 0,95; pós: 0,54 ± 1,09). Com base nos critérios da Escala PEDro, os artigos revisados foram classificados com moderada a alta qualidade. Verificou-se uma melhora nas funções cognitivas, especificamente nos domínios de atenção e função executiva. Para o desenvolvimento do segundo estudo foi realizado um estudo de protocolo e pré-experimental conduzido com 11 idosas, com idade entre 60 e 77 anos (67 ±5,4 anos), clinicamente diagnosticadas com depressão. Foram avaliadas as funções executivas, atenção complexa, habilidades de navegação espacial e desempenho funcional em condições de dupla-tarefa, assim como os sintomas depressivos através da Escala de Depressão Geriátrica. O protocolo de treino foi constituído por 20 minutos de atividades de coordenação motora, 30 minutos de treinamento aeróbio intervalado e 10 minutos de volta a calma com alongamentos, durante 24 sessões. A análise estatística empregada foi o teste t para amostras dependentes e a análise do tamanho de efeito. Observou-se 75% de adesão das idosas na intervenção proposta. Em relação à depressão, identificou-se que 54,5% das idosas apresentaram remissão dos sintomas após o programa de treinamento. Conforme os dados pré- e pós-intervenção, observou-se uma redução estatisticamente significativa no tempo médio despendido na realização dos testes de Stroop 1 (20,09 ± 5,07 x 16,27 ±4,03; p=0,024; 6 TE=0,84), de Stroop 3 (34,27 ±8,39 x 28,36 ±5,10; p=0,032; TE=0,88) e de dupla tarefa visuoespacial (10,55 ±2,07 x 9,45 ±1,44; p=0,006; TE=0,63). O presente estudo verificou um efeito positivo no desempenho das tarefas de atenção, função executiva e dupla tarefa visuoespacial, bem como uma discreta remissão dos sintomas depressivos após uma estratégia de treinamento, baseada no exercício aeróbio intervalado de moderada intensidade de 24 sessões, em idosas com depressão.

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