Resumo

INTRODUÇÃO: O potencial efeito da manipulação do intervalo de recuperação (IR) entre as séries no volume de exercício tem sido sistematicamente investigado tanto em adultos idosos quanto jovens, no entanto seus efeitos ainda não estão totalmente elucidados. Em adição, a influência do IR utilizado durante a realização de series múltiplas sobre respostas neuromusculares ainda são escassas. OBJETIVO: verificar o efeito do intervalo de recuperação no volume total (VT), tempo sob tensão (TST), taxa de desenvolvimento de força (TDF) e ativação muscular (AM) de mulheres jovens em séries múltiplas no exercício leg-press. MÉTODOS: 15 mulheres jovens (26,0 ± 3,5 anos; 57,45 ± 7,83 kg; 1,58 ± 0,06 m) compareceram ao laboratório em seis visitas (intervaladas por no mínimo 48 horas). A primeira visita foi destinada a avaliação antropométrica, entre a segunda e quarta visita foram realizadas a familiarização à: curva força-tempo (Cf-t) isométrica e determinação das 15 repetições máximas (15RM). Nas duas últimas visitas foram realizadas as condições experimentais, as quais consistiram em realizar três séries até a exaustão no leg-press com a carga de 15RM, com IR3 (3 minutos de recuperação) vs. IR1 (1 minuto de recuperação). O registro da Cf-t isométrica foi realizado antes e após as condições experimentais a partir de um dinamômetro customizado (Leg-press horizontal equipado com célula de carga) e sincronizado com a atividade eletromiográfica (EMG) para obtenção da RMS do vasto lateral da perna dominante. Os sinais provenientes do dinamômetro e EMG foram processados em ambiente Matlab. A normalidade foi verificada pelo teste Shapiro-Wilk, o t de Student foi utilizado para verificar diferenças no VT e TST. Para TDF e AM uma análise de variância (ANOVA) two-way de medidas repetidas para condição x momento, seguida de um post-hoc de Bonferroni, para comparações em pares. O nível-α de significância adotado foi 0,05. RESULTADOS: Diferenças foram encontradas para o VT (IR3: 4674,83 ± 1121,22 vs. IR1: 4232,85 ± 998,82 kg, p < 0,001) e TST (IR3: 80,97 ± 12,68 vs. IR1: 71,04 ± 9,00 s, p < 0,001). Após as condições experimentais, foi observado redução na TDF para ambas as condições (IR3 pré: 1882,92 ± 324,11 vs. pós: 1430,28 ± 472,07 N.s-1; IR1 pré: 1955,48 ± 428,91 vs. pós: 1575,47 ± 433,30 N.s-1, p < 0,05). Em relação a AM houve redução apenas para IR1 em comparação IR3 (IR3 pré: 210,74 ± 74,9 vs. pós: 180,81 ± 81,76 μV; IR1 pré: 205,02 ± 68,14 vs. pós: 164,85 ± 78,23 μV, p < 0,05). CONCLUSÃO: o maior IR adotado (IR3) ocasionou em um maior VT e TST, o que pode estar a associado a maior fadiga neuromuscular e dano muscular induzido por exercício, possivelmente refletido na diminuição da TDF em ambas as condições com maiores reduções para o IR3.

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