Efeito do retreinamento de força após dois anos de destreinamento sobre o colesterol total e ldl em mulheres idosas
Por Pâmela de Castro e Souza (Autor), Marcelo Augusto da Silva Carneiro (Autor), Natã Gomes de Lima Stavinski (Autor), Luis Alves de Lima (Autor), Edilaine Fungari Cavalcante (Autor), Jarlisson Francsuel (Autor), Leticia Trindade Cyrino (Autor), Edilson Serpeloni Cyrino (Autor).
Em IX Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
O fenômeno do envelhecimento acarreta, principalmente em mulheres, em maiores disfunções metabólicas relacionadas ao colesterol, por consequência das alterações negativas da composição corporal. Adicionalmente, interrupção de práticas de exercícios gera o desuso e pode interferir diretamente na saúde geral dessa população. Para tanto, a resiliência fisiológica é um fenômeno influenciado diretamente por esses fatores. O treinamento de força (TF) é uma intervenção não-farmacológica que visa reverter os efeitos deletérios do envelhecimento. Enquanto isso, o retreinamento (RE) pode ser caracterizado como o retorno ao TF após um período sem a prática, que pode auxiliar reduzindo os efeitos negativos relacionados ao desuso. Embora seja constatado que 12 e/ou 24 semanas de TF promova respostas adaptativas em idosas, pouco se sabe sobre os efeitos RE após passarem por um período de destreinamento (DT). OBJETIVO: Verificar se 12 semanas de RE revertem os prejuízos de dois anos de DT sobre indicadores metabólicos em idosas. MÉTODOS: Sessenta e sete idosas (idade: 68,7 ± 5,8 anos; IMC: 28,4 ± 4,2 kg/m²) foram submetidas a um programa de TF durante 24 semanas (3x/semana, oito exercícios para corpo todo, três séries de 8-12 repetições) inicialmente. As coletas foram realizadas antes do início do programa de TF, após 12 semanas, após 24 semanas, após um DT de 2 anos e, por último, após um RT de 12 semanas. Para isso, foram utilizadas cinco coortes do Estudo Longitudinal Envelhecimento Ativo. Foram analisados os efeitos sobre colesterol total (CT) e lipoproteína de baixa densidade (LDL). O consumo energético foi avaliado a partir de um recordatório de 24h aplicado nos três momentos, afim de verificar a ingestão alimentar. A ingestão alimentar foi similar em todos os momentos (P > 0,05). Dentre os procedimentos estatísticos utilizados para comparação dos momentos foi utilizada a análise de intenção de tratar usando equações de estimativa generalizada, correlação AR e estimativa de verossimilhança máxima. O modelo gama foi escolhido com base na qualidade de ajuste do modelo. Todos os valores são descritos como médias e intervalos de confiança Wald de 95%. RESULTADOS: Em comparação aos valores iniciais, foi observado uma redução nos níveis de CT e LDL após 12 e 24 semanas de treinamento. Para LDL, ainda, essa redução se manteve expressiva ao comparar 12 e 24 semanas (P Sidak < 0,01). O DT de dois anos acarretou ao aumento de ambos marcadores para valores significativamente acima dos encontrados após 12 e 24 semanas de TF (P Sidak < 0,01). Ainda, o retreinamento de 12 semanas não foi capaz de reverter os efeitos deletérios do DT (P Sidak > 0,05). A ingestão alimentar foi similar em todos os momentos (P > 0,05). CONCLUSÃO: Doze e 24 semanas de TF podem promover melhoras significativas no CT e LDL em mulheres idosas. Porém, o DT de dois anos acarreta a alterações negativas que podem não serem recuperadas mesmo após 12 semanas de RT. Dessa forma, parece que o RT não é capaz de evitar os efeitos deletérios do desuso sobre os marcadores metabólicos de mulheres idosas, impactando a resiliência fisiológica.