Resumo

O fenômeno do envelhecimento acarreta, principalmente em mulheres, em maiores disfunções metabólicas relacionadas ao colesterol, por consequência das alterações negativas da composição corporal. Adicionalmente, interrupção de práticas de exercícios gera o desuso e pode interferir diretamente na saúde geral dessa população. Para tanto, a resiliência fisiológica é um fenômeno influenciado diretamente por esses fatores. O treinamento de força (TF) é uma intervenção não-farmacológica que visa reverter os efeitos deletérios do envelhecimento. Enquanto isso, o retreinamento (RE) pode ser caracterizado como o retorno ao TF após um período sem a prática, que pode auxiliar reduzindo os efeitos negativos relacionados ao desuso. Embora seja constatado que 12 e/ou 24 semanas de TF promova respostas adaptativas em idosas, pouco se sabe sobre os efeitos RE após passarem por um período de destreinamento (DT). OBJETIVO: Verificar se 12 semanas de RE revertem os prejuízos de dois anos de DT sobre indicadores metabólicos em idosas. MÉTODOS: Sessenta e sete idosas (idade: 68,7 ± 5,8 anos; IMC: 28,4 ± 4,2 kg/m²) foram submetidas a um programa de TF durante 24 semanas (3x/semana, oito exercícios para corpo todo, três séries de 8-12 repetições) inicialmente. As coletas foram realizadas antes do início do programa de TF, após 12 semanas, após 24 semanas, após um DT de 2 anos e, por último, após um RT de 12 semanas. Para isso, foram utilizadas cinco coortes do Estudo Longitudinal Envelhecimento Ativo. Foram analisados os efeitos sobre colesterol total (CT) e lipoproteína de baixa densidade (LDL). O consumo energético foi avaliado a partir de um recordatório de 24h aplicado nos três momentos, afim de verificar a ingestão alimentar. A ingestão alimentar foi similar em todos os momentos (P > 0,05). Dentre os procedimentos estatísticos utilizados para comparação dos momentos foi utilizada a análise de intenção de tratar usando equações de estimativa generalizada, correlação AR e estimativa de verossimilhança máxima. O modelo gama foi escolhido com base na qualidade de ajuste do modelo. Todos os valores são descritos como médias e intervalos de confiança Wald de 95%. RESULTADOS: Em comparação aos valores iniciais, foi observado uma redução nos níveis de CT e LDL após 12 e 24 semanas de treinamento. Para LDL, ainda, essa redução se manteve expressiva ao comparar 12 e 24 semanas (P Sidak < 0,01). O DT de dois anos acarretou ao aumento de ambos marcadores para valores significativamente acima dos encontrados após 12 e 24 semanas de TF (P Sidak < 0,01). Ainda, o retreinamento de 12 semanas não foi capaz de reverter os efeitos deletérios do DT (P Sidak > 0,05). A ingestão alimentar foi similar em todos os momentos (P > 0,05). CONCLUSÃO: Doze e 24 semanas de TF podem promover melhoras significativas no CT e LDL em mulheres idosas. Porém, o DT de dois anos acarreta a alterações negativas que podem não serem recuperadas mesmo após 12 semanas de RT. Dessa forma, parece que o RT não é capaz de evitar os efeitos deletérios do desuso sobre os marcadores metabólicos de mulheres idosas, impactando a resiliência fisiológica.

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