Resumo

A pandemia de COVID-19 induziu um quadro de destreinamento em idosas submetidas ao treinamento de força (TF), afetando indicadores neuromusculares, morfológicos e funcionais. O retreinamento ao TF (RE) parece reverter os prejuízos gerados pelo desuso. Embora seja postulado que 12 e/ou 24 semanas de TF promova respostas adaptativas em idosas, pouco se sabe sobre esses efeitos associados ao RE. A falta de resiliência fisiológica associada ao envelhecimento pode impactar diretamente nos efeitos do RE. OBJETIVO: Verificar se 12 semanas de RE revertem os prejuízos de dois anos de destreinamento sobre indicadores neuromusculares, morfológicos e funcionais em idosas. MÉTODOS: Sessenta e sete idosas (idade: 68,7 ± 5,8 anos; IMC: 28,4 ± 4,2 kg/m²) foram selecionadas, utilizando cinco coortes do estudo longitudinal envelhecimento ativo: ano de 2019, ano de 2021 e ano de 2022. Um programa de TF para o corpo inteiro (oito exercícios, três séries, 8-15 repetições) foi realizado em uma frequência de três sessões semanais, em dias alternados. A carga total levantada (CTL) foi calculada a partir do teste de uma repetição máxima nos exercícios supino horizontal, cadeira extensora e rosca scott. MIGO apendicular foi mensurada por meio do DXA. O desempenho funcional foi obtido por meio do teste de caminhada de 6 minutos (TC6min). RESULTADOS: Após 12 e 24 semanas de TF, observou-se aumento para CTL, MIGO apendicular e TC6min (P Sidak < 0,05), indicando superioridade para 6 meses comparado a 3 meses. Após 2 anos de destreinamento, os níveis de força muscular atingiram valores mais baixos do que os do período inicial do estudo (P Sidak < 0,05). Interessantemente, as alterações de MIGO apendicular e TC6min após as 12 semanas iniciais foram mantidas após o período de destreinamento (P Sidak < 0,05). Após 12 semanas de RE, a CTL foi superior somente ao período de destreinamento (P Sidak < 0,05), ao passo que comparado aos demais momentos demonstrou-se inferior. Em contraste, a MIGO apendicular e o TC6min se mantiveram superiores comparado aos valores basais, embora menores quando comparados aos níveis obtidos após 6 meses de TF. De modo geral, esse período de RE foi suficiente para recuperar 46% da força muscular, 38% da MIGO e 25% do TC6min. CONCLUSÃO: Embora 12 semanas de RE não foram suficientes para reverter os prejuízos de dois anos de destreinamento, esse período de RE recuperou parcialmente os indicadores neuromusculares, morfológicos e funcionais em idosas

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