Resumo

Tem sido sugerido que o treinamento físico realizado em normóxia associado com a vivência à hipóxia (modelo viver alto - treinar baixo, VA-TB) pode alterar aspectos envolvendo o metabolismo energético. No entanto, não se sabe se a exposição crônica à hipóxia, associada ao treinamento aeróbio, seja capaz de promover benefícios no que refere aos estoques de glicogênio em diferentes tecidos musculares esqueléticos. OBJETIVO: Investigar se o modelo VA-TB induz mudanças nos estoques energéticos de glicogênio muscular (quadríceps, tríceps braquial e glúteo) em comparação com o mesmo programa de treinamento aplicado em animais mantidos exclusivamente em normóxia. MÉTODOS: Quarenta camundongos machos C57BL/6J (150 dias de idade, ~30g) foram divididos em 4 grupos: normóxia controle (NOR-C), normóxia treinado (NOR-T), hipóxia controle (HYP-C) e hipóxia treinado (HYP-T). Camundongos HYP foram alojados em uma tenda específica (CAT, EUA), onde permaneceram 18 horas por dia (12h às 6h) com fração inspirada de oxigênio de 14,5%, simulando uma altitude de 3.000m (Aprovação Ética CEUA-# 5509-1). Os animais dos grupos NOR-T e HYP-T foram submetidos a um programa de treinamento aeróbio em esteira rolante sempre em ambiente normóxico. O protocolo de velocidade crítica (Vcrit) foi aplicado para auxiliar na prescrição da intensidade do treinamento, sendo esse realizado a 80% da iVcrit (m/min). As sessões de treinamento ocorreram durante 7 semanas, sendo 40 minutos de volume diário e frequência de 5 dias por semana. Ao final desse período, a eutanásia ocorreu após 48hrs da última sessão de exercício. RESULTADOS: Quanto aos valores de glicogênio (µg/100mg de tecido), foram detectadas diferenças entre NOR-T e HYP-T para quadríceps (32,6±3,4 vs 54,6±9,2, P=0,019), tríceps braquial (39,2±2,4 vs 64,0±6,6, P<0,001) e glúteo (35,4±2,9 vs 26,9±2,0, P=0,040). Também, de acordo com a análise de post-hoc de Fisher LSD, os animais HYP-T apresentaram maiores teores de glicogênio quando comparados aos NOR-C para tríceps braquial (41,5±3,3, P=0,001) e inferiores para glúteo (37,3±3,5, P=0,011). CONCLUSÃO: As adaptações relacionadas aos estoques de glicogênio, em nossas condições experimentais, diferiram entre animais treinados que viveram em condições de normóxia e hipóxia. Os resultados também sugerem que o modelo VA-TB, para o treinamento de corrida, afeta o metabolismo dos carboidratos de maneira regiãodependente.

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