Resumo
RESUMO Introdução: A hipertensão arterial resistente é caracterizada pela pressão arterial (PA) não controlada, apesar do uso três ou mais fármacos anti-hipertensivos, ou PA controlada sob uso igual ou superior a quatro medicamentos anti-hipertensivos. Com a finalidade de auxiliar e potencializar a redução da PA nestes pacientes com HAR, estratégias não medicamentosas como a prática de exercício físico aeróbico têm sido recomendadas. Estudos têm demonstrado que o treinamento aeróbio é capaz de reduzir a PA em hipertensos resistentes (HR), contudo evidências vem mostrando que o exercício aeróbio de leve intensidade é capaz de gerenciar os níveis de PA de forma similar a sessão de exercício com moderada intensidade e exerce menor sobrecarga cardíaca nestes hipertensos. Objetivos: Avaliar o efeito do treinamento aeróbio de leve intensidade sobre a PA em HR, bem como, a modulação dos mecanismos autonômico cardíaco e a variabilidade da PA de 24h. Métodos: Trata-se de um ensaio clínico randomizado e controlado no qual, participaram dezessete HR, de ambos sexos, insuficientemente ativos, com média de idade de 52,6±12,2 anos, que foram randomicamente alocados em 2 grupos: treinamento aeróbio de leve intensidade (GT) (n=8) e controle sem exercício (GC) (n=9). Os pacientes alocados no GT durante 8 semanas realizaram três sessões semanais de físico aeróbio de leve intensidade com duração de 40minutos distribuídos em 5 minutos de aquecimento a 2,5km/h + 30 minutos a 10% abaixo do limiar anaeróbio até o ponto de limiar anaeróbio + 5 minutos a 2km/h, enquanto os GC fez o acompanhamento clínico sem realização de exercício físico durante o mesmo período. Antes e após o programa de intervenção os participantes foram submetidos a um teste cardiopulmonar de exercício máximo para determinação da capacidade aeróbia (VO2pico), bem como foram realizadas avaliação da PA ambulatorial e da modulação autonômica cardíaca pelo ECG e controle pressórico pela variabilidade da PA de 24h. Resultados: o programa de treinamento de leve intensidade foi capaz de reduzir a PAS, PAM e PAD nos períodos de 24h (-11,6mmHg, d=1.19/ -8,7mmHg, d=1.18/ -7,7mmHg, d=0.98, respectivamente), vigília (-12,1mmHg, d=1.29/ -10,7mmHg, d=1.37/ -8,6mmHg, d=1.15, respectivamente) e sono (-13,1mmHg, d=1.40/ -10,6mmHg, d=1.57/ e -11,6mmHg, d=1.49, respectivamente). Além disso, houve reduções nos índices da variabilidade relatada ao desvio padrão da PAS (-3,0mmHg; d=1.39), da PAM (-1,1mmHg; d=0.76) e da PAD (-0,5mmHg; d=0.36) e da variabilidade real média da PAS (-1,2mmHg; d=0.83), da PAM (-0,9 mmHg; d=0.59) e da PAD (-0,04mmHg; d=0.22). Ainda, houve aumento da modulação vagal (d>0.90). Conclusão: O treinamento aeróbio de leve intensidade foi capaz de reduzir a PA ambulatorial em hipertensos não responsivos ao tratamento medicamentoso, e tal ajuste parece ter sido gerado pela melhoria do controle pressórico com aumento da modulação vagal cardíaca. Desta forma, sugere-se que o exercício aeróbio em intensidade leve pode ser considerado uma estratégia eficaz na para reduzir o risco cardiovascular nestes pacientes com hipertensão resistente.