Resumo

Resumo: A Doença Renal Crônica (DRC) consiste em lesão renal com perda progressiva e irreversível da função dos rins que, em sua fase terminal, promove importantes alterações eletrolíticas e metabólicas. No Brasil, a prevalência da DRC chega aos 10% se considerarmos todos os estágios da doença, chegando a atingir cerca de 21 milhões de habitantes, sendo que este número é de aproximadamente 100 mil quando falamos em pessoas que estão fazendo hemodiálise. O gasto com a DRC é altíssimo, e também esta doença tem um alto índice de morbidade e mortalidade, por estes e outros fatores ela é um grave problema de saúde no Brasil e no mundo. As principais causas de morte por DRC estão associadas a desordens cardiovasculares, sendo que estas desordens estão associadas a disfunções do sistema nervoso simpático, principalmente por conta de uma baixa Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) e elevação da pressão arterial (PA). Estudos têm mostrado que o exercício físico consegue melhorar a VFC e reduzir a PA, e consequentemente melhorar a saúde cardiovascular de pessoas com DRC. Porém a maioria dos estudos são realizados com exercícios aeróbios, ou mesmos com exercícios de resistência durante a hemodiálise ou envolvendo poucos grupamentos musculares. Na tentativa de corrigir essas limitações, o presente estudo teve por o objetivo avaliar o efeito de 16 semanas de treinamento de resistência muscular em forma de circuito, realizado logo antes da hemodiálise sobre a modulação autonômica e respostas hemodinâmicas de pacientes hemodialíticos. Os pacientes (n=27) foram divididos por conveniência em 2 grupo, o grupo treino em circuito (GTC n=10) que recebeu o treinamento e continuou realizando a hemodiálise, e o grupo controle (GC n-17) que apenas continuou realizando hemodiálise. Antes e após a intervenção foram medida a PA de repouso, a modulação autonômica de repouso com Finometer e uma cinta respiratória por 10 minutos, assim como a sensibilidade barorreflexa. Ainda nesses momentos foi realizada uma manobra excitatória com dinamômetro de preensão manual por 3 minutos contínuos a 30% da contração voluntária máxima, e medida a pressão arterial durante esse momento e durante 3 minutos após para calcular a recuperação. A PA também foi medida de maneira casual semana a semana. O treinamento foi realizado dentro do Instituto do Rim de Londrina/ Histocom, com caneleiras, steps e halteres. Dentre os principais resultados foi encontrado um aumento de força de preensão manual no GTC (p=0,004), bem como reduções na PA casual a partir da terceira semana de treinamento e um menor aumento (-30 mmHg no minuto 2 da manobra excitatória) da PA durante manobra excitatória no momento pós intervenção no GTC (p<0,05). Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos na modulação autonômica e na sensibilidade barroreflexa. Conclui-se que o treinamento de resistência muscular em circuito foi capaz de reduzir a PA casual e elevar menos a PA durante a manobra excitatória de pacientes hemodialíticos após 16 semanas de intervenção.

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